Nesta sexta feira, dia 7 de novembro, numa decisão inédita a Suprema Corte, fez valer a Constituição de 1988, tantas vezes violadas por instituições jurídicas, onde diz que ” ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória” artigo 5º, inciso LVII. O STF por maioria dos votos (dos legalistas) corrigiu a violação deste princípio constitucional que vinha permitindo a prisão em segunda instância, como ocorreu no caso Lula, e de mais de 5 mil presos ilegalmente. Após a votação no Supremo que garante a soltura imediata dos que se encontram nesta condição, inclusive Lula, a liberdade só aconteceu no dia seguinte em meio aos protestos dos parlamentares da base governista que tentaram numa manobra sórdida, colocar em votação a prisão em segunda instância para manter Lula no cárcere até o fim de sua vida mesmo não havendo crime nenhum. Já se sabe que esse processo contra Lula e contra o PT não passou de uma farsa montada pela polícia federal, promotores e juízes da Lava Jato treinados pela Cia, com o apoio do sistema rentista e pela elite brasileira, para afastá-lo da vida pública e garantir o acesso destes setores à uma política cuja finalidade é a entrega total da nossa soberania nacional. Sem o menor escrúpulo esta política do governo fascista de Bolsonaro prospera de vento em popa sem qualquer reação da burguesia nacional, dos militares, das instituições públicas e da sociedade. As reações por parte da oposição, dos setores progressistas e da esquerda também pouco tem surtido efeito para barrar e impor um recuo nestas medidas entreguistas. Os autores intelectuais deste projeto que inclui ainda, o fim das universidades públicas, do regime trabalhista, das privatizações de setores básicos da economia, do corte nos orçamentos públicos, os milhares de desempregados e o aumento irracional da miséria, tinham em conta um modelo que já está provado ser um fracasso como é o caso do Chile, que neste momento legitimamente se insurge contra este projeto criminoso, como foi na Argentina de Macri, agora no Equador de Lenin Moreno e este é o mesmo modelo que Paulo Guedes quer adotar para a sociedade brasileira projeto que foi também um fracasso nos governos de FHC.
Foram 580 dias trancado em uma cela solitária na prisão de Curitiba que Lula viveu seu mais longo período longe do que ele mais aprecia fazer que é o contato com o povo nas ruas, ouvindo suas angústias, suas carências e suas idéias, já que é da cumplicidade com essa gente simples que este gigante político se alimenta para desenvolver seu mais importante projeto político e de desenvolvimento de País onde a maioria pobre tivesse garantido o acesso a uma justa distribuição de renda e condições de uma vida digna. Foi dessa forma que Lula governou por dois mandatos seguidos na presidência da República de onde saiu com uma aprovação record de 87%. O desespero da elite só aumentava e cortar as asas deste político que estava voando alto demais e sempre com o bico apontado para o alvo onde era urgente fazer as correções de uma política injusta contra os mais pobres que ela de forma implacável decidiu que seu voo ficaria restrito a uma gaiola de 15 metros quadrados. Lula, quem tem a visão aguçada de um pássaro e a velocidade no pensamento não resistiu à prisão e aproveitou deste momento para refletir e se preparar para sua saída, que era certa, não que confiasse na justiça mas confiava nas suas idéias e na militância que mais cedo ou mais tarde o arrancaria dali como na Queda da Bastilha. Buscou na leitura mais conhecimento recebeu visitas de lideranças personalidades importantes do mundo que além de ir prestar sua solidariedade buscavam conselhos apostando na sua sabedoria. E assim Lula foi preparando sua saída, ao lado de uma militância aguerrida que nestes mesmos 580 dias permaneceram em vigília em Curitiba, um acampamento batizado com o nome de Marisa Letícia, onde ao lado da prisão montaram suas barracas e daí não arredaram pé, enfrentando variações de clima, provocações da direita, ameaças do governo local para levantarem o acampamento e numa atitude heroica, a exemplo de Lula, resistiram e garantiram a segurança do querido presidente que também tinha aí seus momentos de alegria ao ouvir todos os dias, o bom dia, boa tarde e boa noite presidente Lula! E dessa forma se transformou numa espécie de senha de que Lula não estava só e que recebia o carinho de uma parcela grande da sociedade e isso acontecia em todos os cantos do país onde toda e qualquer atividade politica como atos, assembleias, debates e reuniões o bom dia, boa tarde e boa noite passaram a fazer parte , uma maneira de homenagear e sentir nestes eventos a presença do líder por meio das idéias. Todo esse carinho foi compartilhado por meio de cartas, mensagens e pen drive que recebia de seus advogados e familiares.
A notícia de sua libertação provocou uma comoção jamais vista nas pessoas e em especial na militância jovem. Foi um momento que tão cedo não sairá da memória pela importância que significou este retorno e isso foi comemorado como uma conquista de uma revolução, com cantos, danças, nas ruas, nos bares, nos prédios onde se ouvia gritos de Lula Livre, um grito que estava contido na garganta por mais de 19 meses desde que Lula foi preso. Foi o grito da liberdade de todos nós, dizia um, nossa esperança está de volta, dizia outro, uma reação que comoveu a todos até quem não era eleitor do PT. Ao sair, Lula se dirigiu ao acampamento e agradeceu o carinho solidário de toda aquela militância que havia permanecido fiel ali ao seu lado. A sensação apreendida é a de que a esperança e os sonhos voltaram, e que o momento é de resgatar as forças, arregaçar as mangas e resistir. E esse é o recado dado por Lula aos milhares que foram recepcioná-lo no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, o mesmo local de onde saiu para a prisão e que já virou símbolo de resistência. Lula surpreendeu a todos pela sua força, voltou renovado e decidido ao dar o tom na sua mensagem de que precisamos resistir a esse governo de direita, um discurso afiado e com a força de um jovem pronto para entrar em combate. Não deixou por menos e atacou seus algozes, a rede Globo, Moro e Dallagnol, e a parte podre da Policia Federal, dos Militares, do Ministério Público e da Midia, numa estratégia inteligente de que vai ser necessário contar com a outra parte. Encerrou seu discurso literalmente nos braços do povo, numa cena emocionante com um cordão humano organizado pelos petroleiros da FUP e trabalhadores a proteger contra qualquer risco de atentado.
Vamos recordar que o golpe que se iniciou em 2014 com a derrota do PSDB nas eleições já havia sido desenhado e sua finalidade foi o enquadramento do Brasil em uma agenda neoliberal. Sua construção se deu a partir do Congresso, mídia e em seguimentos do judiciário e mercado financeiro, instaurando um processo devastador na política econômica e que permanece até hoje. A recuperação conforme prometida não veio, os empregos não voltaram e nem voltará enquanto permanecer esta política de entrega da soberania. Neste sentido o papel da Lava Jato foi crucial para a destruição das indústrias brasileiras, foram mais de 51 mil empresas afetadas que dependiam das empreiteiras investigadas causando milhares de desemprego. Este é o ataque que vem sofrendo o Estado brasileiro, submetido por um lado à uma quadrilha do Ministério Público representado por Sergio Moro e Dallagnol que atuam criminosamente para atender a interesses da elite brasileira aliada ao capital internacional e que agem por meio de chantagem, extorsão, coação, como foi denunciado pelo site The Intercept, com o proposito de impor uma agenda extremamente conservadora, do outro uma quadrilha instalada no governo que tem como seu representante político Jair Bolsonaro aliado a uma associação de milícias fortemente armada que ameaça seus opositores e que tem no seu currículo vários crimes como o assassinato da vereadora Marielle Franco e ainda mantém uma população inteira refém já que é obrigada a pagar para garantir suas necessidades básicas como água, gás, luz e outros serviços. Bolsonaro tem ainda outro forte aliado que são as igrejas evangélicas (com algumas exceções) e que igualmente fazem parte do submundo do crime e da lavagem de dinheiro e extorsão dos fiéis. O poder desta gente é tão forte que nem a polícia e o sistema jurídico conseguem enquadrar esta família já tantas vezes denunciadas por corrupção.
É neste cenário de horror no Brasil, assim como no Chile, no Equador e agora na Bolívia, que Lula terá que encarar e se preparar para uma das tarefas mais difíceis. Ciente do seu papel como importante liderança regional e junto com outros dirigentes da América Latina deve articular a formação de uma coordenação latino americana para conter os retrocessos. Lula mostrou sua preocupação, ao agradecer Alberto Fernández o convite para sua posse, em resgatar um de seus sonhos que é a retomada da integração da América Latina. Com Lula Livre as condições estão dadas para a retomada da organização das forças que protagonizarão o embate contra os retrocessos na política, na economia e nos ataques à democracia no Brasil e na América Latina, produzidos por forças que tem interesses na exploração das riquezas destes países.
Comitê de Redação
Blog PosadistasHoje.com
Brasil, 11 de novembro de 2019