Partidos de Oposição ao Governo Bolsonaro, as frentes Brasil Popular e Brasil Sem Medo, entidades sindicais e do movimento social chamaram o povo, organizando carreatas, para uma mobilização popular em defesa da vacina contra a Covid19, do auxílio emergencial e Fora Bolsonaro, neste dia 23 de janeiro de 2021, em todas as cidades do país. Se, há poucos dias, o impeachment do Bolsonaro era uma palavra de ordem difícil de emplacar, agora não, está na pauta das lutas de parte significativa da população brasileira. Por quê? Porque o caos se estabeleceu no país. Vivemos uma gravíssima crise sanitária com milhares de mortes pela COVID 19 decorrente da total incompetência deste desgoverno federal. Uma crise ambiental, com a conivência deste governo, com as queimadas e ocupação ilegal de terras públicas. Vivemos uma das piores crises de desemprego e retrocesso no desenvolvimento da economia. Fábricas importantes para o país, como a Ford fechando, além das que já fecharam como a Mercedes e Sony.
A única política econômica do Ministro Guedes é vender o patrimônio público, destruir o poder de produção das empresas estatais como a Petrobrás, tirando a capacidade destas empresas serem indutoras do crescimento econômico. Tirando direitos trabalhistas e sociais dos trabalhadores, e com isto, aniquilando o importantíssimo mercado de consumo. A fome voltou depois de ter sido erradicada durante os governos do Lula e da Dilma. Não há reajuste do bolsa família e o salário-mínimo é reajustado abaixo da inflação.
As restrições econômicas impostas pela lei do teto de gastos é um crime contra a economia nacional. Significa restringir os investimentos em educação, em saúde, inclusive, no Sistema Único de Saúde (SUS) que deu uma demonstração de que é principalmente o setor público que tem dado resposta no combate à pandemia, como são públicos a Fiocruz e o Instituto Butantã. Enquanto isto, o setor bancário nunca ganhou tanto com a remuneração das sobras do caixa e a transferência de 1,3 trilhões de reais para os Bancos privados. Poderíamos passar o dia inteiro elencando os crimes cometidos pelo governo Bolsonaro. Por isto é importantíssima a realização desta carreata de 23 de janeiro em defesa da vacina contra o Covid-19, o retorno do auxílio emergencial e Fora Bolsonaro. Uma ação política para barrar as manifestações golpistas explicitadas pelo governo Bolsonaro, ao dizer que não aceita o resultado das próximas eleições, caso venha a perdê-las.
Articulações golpistas que se materializam-se com o número de militares em seu governo, e agora, a intenção de aprovar uma legislação que subordina as polícias militares e civil estaduais ao governo federal, criando estamentos golpistas nos estados da federação. A crise do Bolsonaro se aprofunda com a perda de Trump nas eleições dos EUA, apesar de que sabe-se que a política do democrata Biden é a política de Obama, de Bush e Clinton que fizeram as guerras assassinas no Afeganistão, na Líbia, no Iraque e na Síria, e mantém o bloqueio econômico à Venezuela (que enviou oxigênio gratuitamente para o governo de Manaus), Cuba e Irã. É preciso não ter ilusão com Biden, mas é importante perceber que o declínio dos EUA é um processo inevitável, e que Biden não poderá recuperar seu papel de protagonista militar a nível mundial, sem consequências internas graves. Ao contrário, terá que negociar uma base social, e atender à crise sistêmica dos Estados Unidos, que acabam de perder com a inoperância frente à Pandemia mais vidas que na Segunda Guerra Mundial e na guerra do Vietnã juntas.
Com os documentos que começam a ser liberados pela Poder Judiciário, vai ficando escancarado o que já era claro o que já era consenso, que o Juiz Moro fraudou o julgamento do Lula, ocultou provas, manipulou testemunhas para condenar Lula. Com o impedimento da candidatura do Lula à presidência de 2018, pode-se dizer que a eleição de Bolsonaro foi uma fraude eleitoral, política, ética, moral e criminosa, e a continuidade do golpe de estado de Temer. O país não pode conviver mais com esta situação, como se diz no popular, a mentira tem pernas curtas. Não se deve ter ilusão com relação à justiça, mas existem situações em que nem mesmo este Judiciário pode negar fatos tão escandalosos, e é preciso levar em consideração que a correlação de forças e o ânimo popular vai impondo ao STF e aos juízes outra conduta, e dando força à parte não corrompida do judiciário para atuar e atender pelo menos em parte aos clamores do povo e da Nação. A coragem do STF jamais será própria: somente a mobilização popular pode determinar que a justiça finalmente se faça.
É de se esperar que a Forças Armadas se descolem do Governo Bolsonaro, e finalmente coloque em cheque os generais de pijama e os corruptos que aderiram ao mesmo em busca de poder, postos administrativos e privilégios. Ocorre que os desmandos e loucuras do “capitão” obrigaram as Forças Armadas a se colocarem na linha de frente da defesa da população na pandemia, e muitos setores agem à revelia da incapacidade manifesta da “logística” do Ministério da Saúde, que deveria ser renomeado como Ministério da Mentira e da Morte.
Fica evidente para todos os setores que Bolsonaro é o culpado pela desorganização no combate ao Covid19, que não importou agulhas ou as comprou no mercado interno, que não programou a importação e produção nacional da vacina e que é o culpado pela tragédia das mortes pelo Covid19 em todo o país e em particular em Manaus. E continua agindo assim, como negacionista, frente ao quadro espantoso de mil mortes por dia, cinicamente, atrapalhando com suas declarações e ações nefastas. Até onde as Forças Armadas, que combatem também na linha de frente em muitos lugares, a prescindir do alto comando bolsonarista, vão suportar semelhante acinte?
O jogo de submissão ao militarismo tosco de Bolsonaro rebaixa as Forças Armadas ao nível das milícias mafiosas, e isto não pode durar. Insatisfação existe, e outras saídas terão que ser buscadas, também, no plano militar, mais ainda agora que a “tutela” do governo Trump ao bolsonarismo deixou de existir.
A campanha pelo impeachment de Jair Bolsonaro começa a ganhar força após a profunda crise na saúde em Manaus que resultou na morte por asfixia de 7 pacientes por falta de oxigênio, pelas quase 215 mil mortes pelo Covid19 e quase 9 milhões de infectados. A irresponsabilidade do governo frente à pandemia e mais especificamente frente ao abandono dos hospitais no Amazonas, onde pacientes e bebês tiveram que ser transferidos para não morrer, sensibilizou e sacudiu a sociedade que imediatamente passou a organizar estrondosos panelaços e carreatas de maneira que até eleitores e apoiadores de Bolsonaro detectaram que o que estava acontecendo não era normal, e que episódios como o de Manaus evidenciavam a insanidade, a rudeza, os fortes indícios de distúrbios mentais e o perigo que Bolsonaro representa para a sociedade brasileira. Até movimentos organizados de direita como MBL e Vem pra Rua decidiram fazer coro com a maioria dos brasileiros e aos movimentos de esquerda, e pedir o Fora Bolsonaro e Impeachment já!
Essas iniciativas desses setores da direita, da burguesia e da mídia, tem que ser vistos como uma tentativa de inibir um processo de esquerdização, que tudo indica será inevitável já que a Venezuela, demonizada pelo governo, surpreendeu até os mais conservadores, com seu exemplo de solidariedade, humanismo e que comovida com a situação das vítimas prestes a morrer asfixiadas abastece os hospitais do Amazonas de oxigênio.
Essa atitude da Venezuela ganhou a simpatia das redes sociais, da população e dos moradores de Manaus, porque agora ficou muito claro quem são os verdadeiros assassinos do povo. A negociação que foi feita pelas Centrais Sindicais brasileiras com a Chancelaria venezuelana em live e a reunião da Federação Nacional dos Sindicatos da China (ACFTU) com o fórum das Centrais Sindicais Brasileiras para tratarem sobre a liberação de insumos para a produção de vacinas no Brasil, merecem destaque; uma atitude digna, histórica, porque mostra a importância que assumem os trabalhadores neste processo de crise e que transcende a luta sindical! Esse sim é o real papel da classe trabalhadora, voltada para problemas sociais em todos os níveis e, sendo assim, é preciso resgatar urgentemente os direitos sequestrados pelos bandidos que tomaram o poder e estão destruindo o País aceleradamente e entregando-o de bandeja aos usurpadores que querem colonizar o mundo. O aprofundamento da crise que se arrasta desde o golpe contra o governo Dilma, necessita urgentemente da intervenção dos trabalhadores e da sociedade, não é possível continuar permitindo que as instituições contaminadas e alheias aos anseios da sociedade decidam os destinos do País.
Nesta situação, também os partidos de esquerda e movimentos sociais do campo progressista vão dando respostas à situação caótica pela qual passa o país, não se omitindo neste momento tão grave. São ações que vão construindo um ambiente de retomada das organizações de base do PT, nas periferias, nos movimentos sindicais e sociais. É a única maneira do PT e da esquerda, junto aos movimentos sociais, de retomar o protagonismo das lutas populares, lutar pelas necessidades básicas e urgentes da população desempregada, agredida pela fome e pelo crime organizado, e preparar uma frente ampla e popular impor o impeachment de Bolsonaro e preparar condições para eleições presidenciais limpas e democráticas para retomar o governo popular e derrotar definitivamente o golpe e o fascismo.
Comitê Editorial
PosadistasHoje
23/01/2021