APRESENTAÇÃO
A entrevista no programa Globalistas da TV247 à iraniana Batool Subeiti é uma demonstração do avanço da revolução iraniana apesar do bloqueio dos EUA desde a Revolução Islâmica de 1979. Subeiti é engenheira energética e uma analista à altura de um quadro político. Uma demonstração do avanço das mulheres desde a Revolução Islâmica de Khomeini. Hoje, 60% dos engenheiros formados no Irã são mulheres, desmentindo toda a propaganda de que o regime islâmico oprime as mulheres, e as força a usar o véu e tudo mais. Veja o vídeo da entrevista publicada na ao final desta apresentação.
As análises sobre a guerra de Israel, EUA e Europa focam mais no aspecto militar e das bombas de um lado para o outro. Como a justificativa do ataque fosse a possibilidade do Irã fabricar uma bomba atômica (já descartada pela AIEA, apesar das insinuações provocatórias de Grossi). Questionamento ilegítimo por parte de portadores como Israel e EUA. Para alguns é questionável que o Irã não a devesse possuir como elemento de dissuasão contra o imperialismo anglo-americano sionista. No entanto, a guerra contra o Irã passa por questões políticas mais abrangentes.
O Irã vem sofrendo a opressão do imperialismo anglo-americano sionista desde antes, a começar com o golpe dado pela CIA (EUA) e MI6 (Reino Unido) contra o nacionalista primeiro ministro Mohammad Mossadegh em 1953 que nacionalizou a indústria de petróleo iraniano, que até então estava sob controle da britânica (British Petroleum) imposto pelo Xá Reza Pahlevi, fantoche dos EUA até a Revolução Islâmica em 1979, que retomou a nacionalização do petróleo e a soberania iraniana.
Desde então, a Revolução Islâmica assumiu um papel constitucional de apoiar todos os movimentos anti-imperialistas. Assim o fez em apoio a Cuba, à Venezuela; à República bolivariana da Venezuela fez acordos de energía, defesa, agricultura e tecnologia desda a época de presidentes como Ahmadinejad no período de Hugo Chávez. Em 1982, enviou membros da guarda revolucionária islâmica para o Líbano para armar e treinar combatentes, permitindo manter a resistência contra os ataques de Israel.
O Irã tem dado apoio ao Hamas em defesa do povo palestino e contra o sionismo. E mais recentemente, tem fornecido drones para a Rússia na operação militar especial contra a Ucrânia. Apesar de contradições na cúpula governamental e presenças neo-liberales vacilantes no maior controle à espionagem mossad, prévio ao ataque de Israel, o Irã com a força massiva do povo, encontrará a forma de avançar rumo a direções mais avançadas. O Irã tem uma estrutura de Estado revolucionário e consciência social que foi capaz de resistir a uma guerra de 8 anos provocada pelo Iraque a mando dos EUA, num período pós revolução de 1979. O mesmo Iraque que depois “aprendeu” com o seu erro, e passou a desenvolver também uma política anti-imperialista, ao ponto de ser destruído pelo próprio imperialismo.
O bloqueio por parte dos EUA e países Ocidentais, tem ocasionado prejuízos enormes à economia e população que sofre falta de materiais médicos, remédios e equipamentos em geral. Entretanto, o Irã conseguiu superar, não totalmente, mas em grande parte o bloqueio com substituições de importações e desenvolvendo sua indústria e agricultura, em parcerias com outras nações. Acabou de firmar acordos trilhonários com a Rússia e a China, para concluir a primeira etapa de ferrovias que fazem parte do programa Rota de Seda dos chineses e, agora, é membro do BRICS.
A Revolução Islâmica conta com o apoio da população. Vejam a manifestação de milhões de iranianos no sepultamento dos militares e cientistas mortos seletivamente por Israel. A população soube combinar a religião com a Revolução. Com uma mão segura o alcorão e com a outra uma arma para defender sua soberania. Nisto reside o medo do imperialismo: a influência do Irã em todo o Oriente Médio e no mundo. Este é o verdadeiro motivo da busca de Israel e do imperialismo de acabar com a direção revolucionária do Irã. Não negam o objetivo de mudar o regime no Irã, dado que caíram as provas de produção da bomba nuclear. Israel esperava que conseguiria jogar a população contra o governo, mas o efeito foi o contrário, o povo iraniano passou a unir-se mais ainda contra o inimigo sionista.
Divergências podem ter numa democracia como a do Irã, pois há alternância de tendências de poder dentro do Irã. Mas o fundamental não se muda: Khamenei porá um limite ao pacifismo religioso e ao golpismo interior quando o povo colocar nas ruas as armas da mobilização popular com apoio dos Guardiões da Revolução contra Israel e os opositores da Revolução Islâmica Iraniana. Enquanto em Israel a oposição pacifista está atada. A solidariedade internacional contra o massacre em Gaza e o ataque ao Irã é imprescindível.
Militarmente, o Irã mostrou que tem capacidade bélica de destruir Israel. Não o fez ainda, por uma questão de estratégia. A paz dos 12 dias anunciada por Trump, foi uma saída de Israel para não ver seus setores estratégicos serem totalmente destruídos. O Domo de ferro não funcionou plenamente. Os iranianos cirurgicamente destruíram o que seria o quartel general da Cia de Israel que foi instalado numa área residencial. Hidrelétricas foram destruídas.
A guerra contra o Irã está no contexto da crise do capitalismo a nível global. Trump tem que reprimir com a Guarda Nacional manifestações contra o seu governo. Trump é uma máquina de moer carne. Manda bombardear instalações de energia nuclear no Irã e atinge parcialmente seu objetivo, pois provavelmente não atingiu o núcleo do sistema e por outro lado, todo o material de uranio processado possivelmente tenha sido transferido para outros locais.
A guerra desencadeada por Israel contra Gaza tem o repúdio das populações do mundo. A mídia não informa que Francesca Albanese, relatora da ONU que denunciou o genocídio de Israel na Palestina, foi sancionada por Marco Rubio (EUA) por colaborar com a Corte Penal Internacional (CPI) e processar cidadãos dos EUA e de Israel participantes da ofensiva militar em Gaza.
Israel hoje é um paria na política mundial. Só conta mesmo com o apoio de dirigentes europeus e dos EUA que são “eleitos” com o dinheiro de elites que não tem nenhuma autoridade, a não ser, elegerem candidatos através de fakenews nas redes sociais. Nestes moldes de eleições compradas é finita a chamada democracia na França, Inglaterra, Itália como nos EUA
O ataque ao Irã ocorre no contexto mundial ao borde de uma terceira guerra mundial com riscos atômicos. De Biden a Trump, não se altera o poder das forças do Deep State que comanda os EUA à revelia de Trump. Este oscila entre defender grandes negócios internos, negociar a retirada da Ucrânia, obrigando a Europa a arcar maior porcentagem de gastos da Otan; e por outro lado, fazer continência às ordens do Deep State, da indústria armamentista, da guerra, das finanças, da mídia hegemônica, do poder sionista para atacar com armas o Irã; com taxas a China, o Brasil, o BRICS. Entre Democratas e Republicanos, o império em descontrole, se alterna interiormente para ver como se salva o capitalismo às custas da exclusão social, imigratória, repressões, invasões, genocídios. O problema é quem paga o custo da guerra inevitável. As manifestações pipocando nos EUA entrarão em sintonia fina contra o genocídio em Gaza, e a defesa do povo iraniano contra Israel.
Importante realização da I Cúpula do Grupo de Haia na Colômbia contra o genocídio em Gaza, com apoio de Nicolás Maduro da Venezuela, e a participação de 30 países, incluindo a relatora sobre o território Palestino da ONU, Francesca Albanese. Petro caracteriza o contexto atual de debilidade do capitalismo, mas de extrema agressividade: “capitalismo de papel, mas que tem a virtude de levar a humanidade à barbárie”. “Gaza é a experiência dos mega-ricos para ver como se extermina os inimigos”. Chama a conformar um exército mundial da luz; “não podermos admitir um exército que matem crianças”.
A entrevista a seguir dá uma dimensão de que os povos têm história, dignidade e inteligência para lutar e vencer.
Video entrevista dos Globalistas, realizada pelos jornalistas Brian Mier e Leo Sobreira
à iraniana Batool Subeiti