O Plano Safra da Agricultura Familiar caminha junto com a Defesa da Soberania Nacional (*)
Fazer do limão uma limonada, diante do tarifaço do Governo Trump. A estratégia do Governo Lula de buscar outros mercados para a safra recorde de grãos de 345 milhões de ton tem tudo para dar certo. Com o PRONARA pretendemos numa primeira etapa, buscar diminuir a utilização de veneno na agricultura brasileira, e temos urgência nesta iniciativa diante da tragédia que os agrotóxicos têm provocado no meio ambiente, nos alimentos, na contaminação das águas e principalmente, as doenças provadas nas pessoas.
Um dos mais importantes patrimônios de uma nação é o seu povo. O Brasil tem tudo para se desenvolver plenamente. Temos uma dos maiores territórios do planeta. Temos água. Temos uma significativa matriz energética renovável. Temos uma base industrial que perdeu peso, mas que ainda carrega elementos para colocar o país na rota da reindustrialização. Temos uma grande biodiversidade. E temos o mais importante, 220 milhões de brasileiros. Um dos grandes patrimônios do país, é o poder que seu mercado interno em desenvolver sua economia.
Há uma critica acertiva de que exportamos milhões de toneladas de grãos pra outros países enquanto parcela significativa da população ainda passa fome, ou consome alimentos de baixa qualidade, os chamados processados.
Podemos aproveitar este momento do tarifaço do Governo Trump, para direcionar ou maximizar a oportunidade para aumentar ainda mais o consumo de alimentos saudáveis para a população brasileira. Alimentos provenientes da agricultura familiar e por que não, parcela da produção da agricultura convencional A cada chamada do Governo Federal para os agricultores e agricultoras familiares apresentarem propostas para os seus programas, como por exemplo, a chamada para o PAA Compra com doação simultânea da Conab, a agricultura familiar responde prontamente, a dizer que temos capacidade de produzir para alimentar o nosso povo.
Melhorar ainda mais a alimentação escolar. Acelerar o programa de escola integrar e aumentar o consumo de alimentos. Fazer um grande mutirão para as compras institucionais. Ainda são 2 milhões de agricultores familiares sem acesso ao crédito agrícola ou estão a margem da produção para o mercado.
O Brasil reúne uma das maiores biodiversidades para a produção de alimentos agroecológicos. Um dos fatores de combate a pragas é termos um solo fértil. Solo fértil com material orgânico, os micro-organismos que trabalham a nosso favor, para mantermos o solo fértil e produtivo versus os produtos químicos e os venenos. Sempre tendo em conta que se trata de um processo de transição da agricultura convencional para agricultura agroecológica.
Com a riqueza da nossa biodiversidade, qualquer propriedade conta com micro organismos benéficos que se transformarão em biofertilizantes com tecnologia adequada. Tá na hora de transformar o programa de biofábrica num grande programa nacional. Temos literatura e práticas sobre agroecologia abundante para transformar a agricultura brasileira em base a agroecologia. Não sendo ingenuO, entendemos que neste meio estarão as gigantes nacional e internacional de agricultura dos transgênicos e agrotóxicos defendendo seus mercados ou até mesmo, se adaptando a nova realidade para manterem o controle dos mercados..
Nestes três anos de Governo Lula, o Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar – MDA tem resgatado e desenvolvido importantes políticas públicas voltadas para a agricultura familiar. Significativos avanços foram alcançados. Mas o momento de fazer do “limão uma limonada” precisa transformar todos os programas desenvolvidos pelo MDA numa grande mobilização nacional. Criar comitê da agricultura familiar com poderes consultivos e deliberativos. Realizar reuniões com os órgãos envolvidos com a agricultura familiar, o Banco do Brasil, a Embrapa, a Conab, o Banco do Nordeste, EMATERs. Destravar a reforma agrária. Mobilizar Confederações e Movimentos de agricultores e agricultoras familiares para cara a cara solucionar problemas na execução das políticas públicas desenvolvidos pelo MDA e suas empresas vinculadas.
Eduardo Dumont
(Economista, Especialista em políticas públicas voltadas para a agricultura e abastecimento)
BH/ALMG 18.08.2025
(*) Audiência de lançamento do Plano Safra da AF e debate sobre Pronara em Minas Gerais
