O governo genocida, os militares e a saída da crise com Lula 2022


A reação dos militares em nota às declarações do presidente da  CPI da Covid, Omar Aziz, que afirmou em sessão da quarta feira (7) que há “membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos na falcatrua dentro do governo e que os bons das FFAA devem estar “muito envergonhados” , não apenas mostra o cinismo do comando das FFAA enroladas até o pescoço neste imbróglio cada vez mais exposto pelas provas adquiridas pela CPI, mas o alto grau de comprometimento com o governo do capitão Bolsonaro e com a corrupção aí instalada. Evidencia ainda com clareza que por trás desse envolvimento está em curso um projeto político para disputar o comando do país, parece cada vez mais visível a intenção dos militares retomar o protagonismo político que tiveram ao longo de mais de 20 anos de ditadura militar. A estratégia de dominar a máquina do Estado ocupando postos chaves nos ministérios, nas secretarias de governo , nas estatais, seria o percurso menos complicado a seguir já que ancoram no capitão Bolsonaro e seu governo para o sucesso desse projeto. Só que não contavam que em meio à pandemia viria uma CPI, criada para investigar mais de meio milhão de mortos, que se transformou no principal estorvo para a concretização desses planos, já que as fortes denúncias de envolvimento nas negociatas das vacinas, apontam também uma forte presença de quadros militares.

A Comissão Parlamentar de Inquérito tem levado a ferro e fogo as investigações sobre os responsáveis pelas milhares de mortes e além de desvendar a podridão por trás das compras das vacinas, escancara quem são os principais personagens por trás deste esquema macabro. Importante que a CPI continue as investigações com esse rigor e coloque os responsáveis por mais de 530 mil mortos na cadeia e se assim for, terá o amplo apoio da sociedade.  Lembremos que o Ministério da Saúde esteve sob o comando do general Eduardo Pazuello, um militar da ativa, período em que explodiu o número de óbitos por Covid 19, sem contar o escândalo do Laboratório Químico do Exército que produziu comprimidos de cloroquina em larga escala para combater a pandemia, remédio que foi distribuído indiscriminadamente nas comunidades indígenas sem qualquer critério e sem nenhuma comprovação científica. O Estado brasileiro não foi só omisso, como ajudou a espalhar o vírus ao permitir, por meio de licença, as invasões das terras indígenas por grileiros e garimpeiros que junto levavam o vírus contaminando ainda mais essas comunidades. Até o momento, são 163 povos afetados, 56.762 contaminados e 1130 mortos. Por que deveriam ser isentos de responsabilidade? Essa mortandade no país vai pra conta do governo cujo principal sustentáculo são os militares que tem participação efetiva nas ações do governo. 

Todo esse processo que teve início no golpe contra a presidente Dilma, foi desenhado minuciosamente a partir de um plano que comprovadamente teve também a participação da CIA, que resultou na Lava Jato cuja principal tarefa era a prisão de Lula, o enfraquecimento das esquerdas e o desmonte das indústrias nacionais. A eleição de um quadro da confiança da grande burguesia que colocasse em prática o velho programa neoliberal seria o instrumento que garantiria as condições de mudanças tão sonhadas pelo grande capital,  começando pela destruição dos direitos trabalhistas, das universidades, da ciência, da pesquisa e dos direitos sociais ou seja, o plano foi o de arrancar sem dó, todas as conquistas adquiridas nos governos do PT, que contemplou a sociedade e principalmente os mais pobres no acesso às medidas sociais e a uma gestão verdadeiramente democrática e de participação popular.  O que temem os militares, por isso os ataques à CPI, é um retorno desse modelo petista de governar que já começa ganhar as ruas e a adesão da sociedade, como mostram todas as pesquisas que colocam Lula como vencedor contra Bolsonaro no segundo turno em todas as simulações. Fica muito evidente que a CPI, escancarando as responsabilidades da tragédia da pandemia mais as tramoias nas aquisições das vacinas, os escândalos das rachadinhas, revelou ainda o cenário de desigualdade, de racismo e de violação dos direitos humanos. Tudo isso somado criou-se uma situação de enfraquecimento do governo Bolsonaro e comprometimento na imagem das Forças Armadas. 

As constantes participações de Lula nas entrevistas, quase que diárias, nas rádios comunitárias e comerciais, sobretudo no norte e nordeste e pequenas cidades do interior dos Estados, a maneira Lula de se dirigir à população com explicações acessíveis sobre o processo no País, como pretende conduzir o Brasil para resolver a crise econômica, fazer o pobre voltar a ter três refeições diárias, enfim, fazer seu povo feliz de novo,  tem sido um verdadeiro estimulo à militância que volta às ruas com suas bandeiras e palavras de ordens que estavam presas na garganta desde que iniciou a pandemia, vem e vem com força como foram as três grandes manifestações nas principais cidades do País pelo Fora Bolsonaro e Lula 2022. Neste sentido, além dos militares que devem estar articulando uma saída para se manterem no poder lançando um candidato ou mesmo compondo uma chapa com a indicação de um militar como vice, um setor da centro direita burguesa anti-bolsonarista, desesperado, corre atrás de articular uma terceira via como alternativa à candidatura Lula. Esse  setor conhece bem a força e as ideias de Lula! Sabe que o o seu retorno e da esquerda representa o fim da política neoliberal, o resgate da soberania nacional, a retomada de crescimento econômico com distribuição de renda e com um plano de retomar as empresas estratégicas vendidas, o fim da desigualdade social, a taxação dos ricos, uma política de fortalecimento dos laços comerciais com os países da América como Argentina, Bolívia, Perú, Venezuela, Cuba, o fortalecimento das relações política com os BRICS, eliminando a dependência ao dólar como moeda de troca, estabelecendo grandes projetos junto à China um dos maiores parceiros comerciais do Brasil e que tanto tem ajudado nesta pandemia enviando insumos para a produção de vacinas, apesar dos ataques do governo Bolsonaro. A possibilidade de Lula retornar em 2022 colocará a luta de classes em outra patamar na América Latina pelo peso político, econômico do Brasil.

Lula tem reiterado sua critica à política intervencionista dos EUA no mundo e na América Latina. Com muita lucidez tem apontado a necessidade de retomar o projeto de unificação dos países da América Latina para um projeto nacionalista e em defesa da soberania nacional. Tem deixado claro que a transição do estágio de países em desenvolvimento para países desenvolvidos passa pela parceria com a Rússia e China. Passa pelo resgate do projeto do BRICS, Veja a entrevista de Lula ao jornal Guancha de Pequim, transmitida na TVT. Mais do que nunca se faz necessário fortalecer uma Frente única anti-imperialista com o ressurgimento de movimentos populares e vitórias de governos nacionalistas e progressistas na América Latina.

Manter a militância mobilizada nas ruas é fundamental para garantir as eleições de 2022  e impedir qualquer tentativa de golpe por parte dos militares e mesmo de Bolsonaro que diante da perda de popularidade busca fortalecer os laços com as FFAA, até mesmo desviando verbas do SUS destinado a combater a pandemia, para alimentar custos militares que nada tem a ver com a essa crise sanitária. Essa conversa de voto impresso para combater a fraude nas urnas é um sintoma de que prepara um golpe que é o de não aceitar o resultado eleitoral que não lhe seja favorável. Por isso a CPI, parlamentares de oposição, organizações sociais, instituições democráticas como a OAB devem acelerar o pedido de impeachment de Bolsonaro aproveitando este momento de grandes mobilizações sociais. Bolsonaro perde popularidade, mas investe pesado nas milícias, nas polícias militares e nas Forças Armadas, ele tem um objetivo que é o de manter seu projeto fascista e genocida! Fora Bolsonaro e Lula 2022!!

Comitê Editorial
PosadistasHoje
11/07/2021

Foto: Manifestações do 3J (crédito: Paulo Pinto/AFP)

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