A Cúpula do G7, a crise, a guerra e a posição do Brasil


A Conferência da Cúpula do G7 em Hiroshima, no Japão, ocorreu em um dos momentos mais críticos da crise do capitalismo americano e europeu. Crise criada por eles mesmos que continuam adotando a política de ingerência em outros países em pleno século XXI quando a informação já está estabelecida em outro ritmo e velocidade comparado aos períodos de ouro das colonizações. Crise ainda aprofundada pela guerra Rússia versus Ucrânia e essencialmente pelo avanço do mundo multipolar liderados pela China e a Rússia que ganha força e adesão de países do chamado Sul Global da América Latina, Ásia, África e Europa, representando quase 80% da população mundial.

Uma Conferência que produziu resultados desastrosos ao deliberar criminosamente o aumento das sanções contra a Rússia afetando diretamente com estas medidas a população europeia que vem sofrendo com os altos custos de energia, inflação, pobreza, e o investimento e envio de mais armamentos, beneficiando a indústria bélica desses países. Informações do site Geopol.pt dão conta de que “mais de um quinto dos alemães está ameaçado pela pobreza devido a destruição da riqueza “verde” e à inflação causada pelas sanções ao maior parceiro energético, a Rússia, e que, de acordo com o Instituto Federal de Estatística de Wiesbaden, cerca de 17,3 milhões de pessoas foram afetadas pela pobreza na Alemanha em 2022″.

O governo ucraniano, presente no encontro, na figura fracassada e patética de Zelensky, que comparou as vítimas de Hiroshima às de Bakhmut, mesmo com as derrotas sofridas e a incansável resistência russa em importantes regiões da Ucrânia, insiste em mendigar armas que serão usadas contra a Rússia, mas também contra famílias inteiras ucranianas, principais vítimas desta absurda guerra de viés nazista! Zelensky não tem interesse na paz, “não precisa de mediador” como declarou de forma petulante ao Papa Francisco, senão teria ido ao encontro de Lula na Conferência do G7 organizado pelo Itamaraty, solicitado pelo próprio Zelensky!

Na conferência de Imprensa, após a visita ao memorial de Hiroshima, Lula deixou clara a responsabilidade dos EUA no lançamento da bomba atômica. Esta ceifou a vida de mais de 70 mil cidadãos, e dois dias depois, 40 mil em Nagasaki. Disse Lula: “O meu medo é que estejamos caminhando para uma guerra mais feroz com armas mais poderosas. Nós estamos aqui em Hiroshima. Ninguém jamais imaginou que os EUA iam lançar uma bomba atômica aqui. E soltaram, sem pedir para ninguém!”. Isso é um sinal do que podem fazer a Otan, através de Zelensky, na região. Enquanto isso, Biden, presente no memorial, não pediu sequer perdão ao povo japonês.

É falsa a ideia que o Império da Guerra tenta passar, de que o mundo está com a Ucrânia; quando diz “mundo” refere-se a si mesmo e a seus vassalos ocidentais. A humanidade está pela paz, quer a paz e o fim das guerras, das invasões, das matanças, da fome e do roubo dos bens alheios provocadas ao longo dos séculos pelos endinheirados exploradores. E é essa a mensagem que Lula buscou passar para o mundo ao participar dessa Cúpula do G7. Dá o tom ao dizer a que veio, como resposta às pressões para que no encontro assumisse a posição contra a Rússia:  Não vim ao G7 para discutir a guerra da Ucrânia, se a ONU quiser antecipe a Assembleia Geral que ocorre em setembro. Mas é preciso mudar a lógica do Conselho de Segurança: são os primeiros que vendem as armas e incentivam as guerras”. Um recado forte, arrebatador, um “kinzhal” cujo alvo foi a OTAN. É com essa firmeza que Lula defendeu seus princípios, a soberania brasileira e a posição mais justa, correta para uma solução pelo fim do conflito, deixando claro que a política internacional do Brasil não será pautada pelos interesses da OTAN!

Lula disse que o G7 era para discutir questões econômicas e que a questão da guerra era tema para uma urgente assembleia da ONU. Mas, suas fortes intervenções contra o neoliberalismo, e a questão das novas moedas nacionais contra o dólar, são fatores excitantes para gritos de guerra dos EUA na Ucrânia e no mundo. Lula deve preparar o país para futuras reações e retaliações sobretudo por parte do EUA. Os seus pronunciamentos foram fortes contra o neo-liberalismo. As diferenças de Lula com os líderes do G7 não estão só no campo da guerra Russia x Ucrânia, mas na posição brasileira de integração na Nova Ordem Multipolar, no qual Lula tem sido um dos maiores defensores e um importante interlocutor dessa nova realidade ao lado dos chineses, e demais membros do BRICs.

Ao final da Cúpula Lula fez declarações importantes e corajosas sobre a economia internacional e a defesa da criação da moeda única do BRICs, diz ele: “Eu sonho com a construção de várias moedas entre outros países que façam comércio, que o BRICs tenha uma moeda. Como o euro. Não é possível depender do dólar para fazer comércio exterior”. A defesa de uma moeda alternativa ao dólar, a perspectiva de uma radical mudança nas relações comerciais e econômicas impacta fortemente e arranha a relação com o G7 que se sente ameaçado na sua soberania econômica já tão decadente. Ganha força o Projeto Multipolar e o BRICs aparece cada vez mais consistente, focado na necessidade de expandir desenvolvimento, de crescimento econômico e social e integração dos países mais pobres, com o protagonismo de um país como a China que compete com o império capitalista, apoiado num Estado socialista e um partido comunista de massas. Algo que deixou impressões importantes ao presidente Lula expressas na recente visita a Pequim, confirmadas na sua entrevista à TV chinesa.

Na coletiva pós-G-7 no Japão, Lula deixou claro que a China é o principal parceiro comercial do Brasil. Segundo, os EUA, e o terceiro é a Argentina. E já abriu a brecha para estruturar a nova estratégia integradora que virá por trás da UNASUL (que será proximamente relançada no Brasil) e do BRICS. “Então porque não podemos fazer uma moeda para negociar com a Argentina? Para que pequenas e médias empresas possam fazer negócios nas suas moedas. O problema é que o próprio pequeno empresário não confia na sua moeda do país e, então, prefere fazer em dólar. Por exemplo, o BRICS. Nós haveremos de discutir as condições para criar uma nova moeda em algum momento. Para que façamos a negociação na nossa moeda.”

E Lula discutiu com a diretora do FMI para que tenha “compreensão de que depois da pandemia, a Argentina teve uma seca que destruiu 25% da produção agrícola. Se a Argentina não tem condições de cumprir o acordo não vamos pressionar a Argentina, vamos dar um tempo para que ela possa se recuperar. Estamos discutindo com o BRICS, se é possível ajudar a Argentina. A China colocou 30 bilhões de dólares à disposição da Argentina para pagar as suas exportações. O Brasil, só de manufaturados tem quase 20 bilhões de dólares de exportação com a Argentina.  O que nós temos que fazer é que as nossas empresas continuem exportando para a Argentina.”

 Enfim, Lula está demonstrando ser não apenas um grande negociador da paz, mas líder latino-americano e mundial para uma nova ordem multipolar econômico-social, integradora de povos soberanos e revolucionários.

Comitê de redação
Posadistas Hoje

24/05/2023

 

 

 

 

 

 

 

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