Bolsonaro e a extrema direita acuados frente à pressão dos BRICS


O governo Bolsonaro e sua ala de extrema direita, além dos Chicago boys da ala econômica, saem profundamente e debilitados desta reunião dos BRICS (*). Simbólico foi o episódio da invasão da embaixada da Venezuela, naturalmente tramada no âmbito da família miliciana e em perfeita sintonia com Washington, que saiu pela culatra: erraram no momento para montar a provocação. Mais que leão, Bolsonaro teve que se comportar como cordeirinho.

Também, pudera! Estava cercado por gigantes. O Brasil, em suas mãos, um anão. Sem autonomia, sem soberania, sem economia própria, sem tecnologia, sem poder militar, sem povo, o que é uma Nação?

Bolsonaro sorri, ao apertar a mão dos comunistas vermelhos da China e da Rússia. É todo um símbolo, a realidade se impõe. Era a última coisa que Washington desejava. Seus golpes vão perdendo fôlego, no meio da derrota da ala imperialista na Argentina, do terremoto das massas chilenas, da inesperada e surpreendente heroica resistência do povo boliviano à sua enésima trama reacionária.

As coisas vão entrando nos eixos, o ímpeto fundamentalista reacionário e fascista vai se esvaindo. Lula solto, o segundo processo anulado, e dentro de pouco tempo, Moro será condenado, e com ele, toda a Lava Jato. Maior desastre não poderia ocorrer. A base social de Bolsonaro vai minguando, a frente reacionária, dividindo-se. As eleições municipais do próximo ano seriam irrelevantes, mas nas circunstâncias atuais tenderão a representar uma enorme válvula de escape da revolta e do protesto social. Se antes pensava-se que nem estas se realizariam, agora são inevitáveis. Nem o golpe contra a Dilma, a destruição dos direitos trabalhistas e do sistema de seguridade social passarão impunes. O Chile avisa.

O Leão rugiu, mas mostrou-se desdentado. O filho não foi para Washington, Lula está livre, a dialética volta ao campo, a esquerda se reanima, a América Latina dá sinais de resistências fortes, fortíssimos. Tudo isso sem a esquerda e os sindicatos terem feito o dever de casa, além da obrigatória, porém tímida, resistência.

O vento é a favor, Lula sai de vento em popa, então não há razão para titubear: recuperar o debate sobre a soberania nacional, combater as privatizações, defender as conquistas sociais, garantir e ampliar os espaços democráticos, sem olhar na cara de ninguém: que venham também os progressistas, os golpistas arrependidos; articular a resposta para ir amarrando e enterrando os extremistas e fanáticos do governo, buscando um diálogo audaz com os militares que ainda dispõe de neurônios, provocá-los para defender a soberania; ir recompondo o tecido social do progressismo, tecendo redes cada vez mais amplas de resistência e luta. É hora de colocar amarras, piquetes de ideias-força para ir acuando os extremistas, que foram longe demais, insultaram a Nação e emporcalharam sua Bandeira. Trump já não pode ajudá-los, ficaram órfãos, é Putin quem bate à porta.

Comitê de Redação

15/11/2019

(*) Resoluções finais no BRICS

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