Celso Agra presente, hoje e sempre!


Com grande dor despedimos nosso camarada Celso Agra, querido “Juvenal” entre os quadros militantes das ideias posadistas e revolucionárias, sobretudo no campo de batalha do movimento operário-sindical, desde o interior das fábricas de Osasco ao ABC, de onde emanou também o metalúrgico, agora presidente, Lula da Silva anunciando a criação do Partido dos Trabalhadores.

Atuou na construção da CUT e do PT de São Paulo e Niterói, do Cieps no Rio de Janeiro, após uma trajetória de lutas a favor de Getúlio Vargas, da Rede da Legalidade de Leonel Brizola (1961), contra o golpe que derrubou João Goulart (1964), intervindo na luta dos estaleiros de Niterói.

Perseguido, torturado e preso quando assassinaram a Rui Oswaldo Pfuzenheuter, esteve detido por longos 2 anos nas masmorras da ditadura no Brasil entre os anos 1972/1974; foi anistiado político e seguiu militando na luta pelos ideais socialistas. Chegou a ser candidato a deputado estadual do Rio de Janeiro, junto ao falecido companheiro Severino Dantas, como parte da equipe de candidatos apoiados pelo Jornal posadista Frente Operária. O tema da sua campanha eleitoral foi: “Sem lutar a vida não pode mudar”.

Extratos do programa de lutas apresentado por Celso Agra:

“É necessário discutir e mobilizar os sindicatos em torno de um plano de desenvolvimento industrial para o Estado do Rio de Janeiro, que contemple a necessidade de emprego, de satisfação das necessidades básicas da população e que se baseia na intervenção plena dos operários.

O movimento sindical deve ter um plano, um programa que combine lutas mínimas, por condições de trabalho, de salubridade, higiene na fábrica, de redução de horas de trabalho, com propostas e programa para o conjunto da sociedade e da economia, que também interesse à pequena burguesia, às donas de casa, ao campesinato. Com base neste programa é preciso desencadear um processo de lutas, de discussão, de funcionamento sindical que eleve a experiência da classe operária e do conjunto da população.

Os estaleiros cariocas, por exemplo, trabalham atualmente com uma tremenda ociosidade, que em alguns casos chega a 50%. A EMAQ foi recentemente fechada e apesar de ter sido ocupada pelos operários, ainda não há nenhuma solução para este problema. Um ponto programático fundamental é: fábrica parada, fábrica estatizada. A crise do capitalismo tende a ser despejada nas costas dos trabalhadores. O capitalismo é impotente, não tem interesse em manter o funcionamento industrial; o Estado deve ocupar o seu lugar. Estas fábricas estatizadas devem ser mantidas sob controle de comissões internas de operários; caso contrário, a estatização acabará servindo indiretamente aos interesses da própria burguesia. Só assim, poderemos garantir o nível de emprego e impedir a degradação da vida”.

Celso Agra, foi exemplar difusor dos livros e publicações de J. Posadas, participando de feiras internacionais do livro na Venezuela (Filven) e em Cuba. O apoio à revolução bolivariana de Hugo Chávez e cubana, às notícias e debates a favor do papel da China e Rússia nos processos revolucionários atuais, estavam sempre nos seus esforços para educar povo na rua, amigos e familiares.

Alguns dos pronunciamentos que chegaram à sua família por parte de camaradas posadistas de São Paulo e Belo Horizonte:

– “Um companheiro da Associação dos Anistiados diz que o Celso fez história na sua militância no movimento operário aqui no ABC Paulista. Estou rememorando alguns desses momentos de luta. Sempre teve uma alma nobre, solidária e era muito aguerrido nos objetivos de conquistar um mundo melhor e mais humano”.

– “Celso Agra, nunca abriu mão das suas convicções. Um internacionalista acima de tudo. Fomos juntos candidatos pelo PT em 1986. Tempo bom, o PT ainda em construção. E melhor ainda, com Lula novamente Presidente no terceiro mandato. A barbicha do Celso lembrava Trotsky. Recordamos do camarada Celso com imenso carinho.”

O companheiro Rogério, irmão de Rui Oswaldo Pfuzenheuter, presente em nome de todos e todas ao funeral de Celso, tocou com o seu violino a Ode à Alegria de Beethoven e a Internacional Comunista, cantada pelo grupo do PT junto ao qual Celso participava de atos públicos semanais na estação das barcas em Niterói. O cortejo se deu com o a Internacional Comunista, até o sepultamento

Celso presente na luta pelo socialismo, sua eterna bandeira!

PosadistasHoje
16/05/2024

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Homenagem do Comitê Popular de Lutas de Araribóia (Niterói)

Estamos todos abalados, consternados com a repentina despedida de nosso amigo Celso Agra. Militante histórico do Partido dos Trabalhadores, sempre coerente com as suas ideias democráticas, socialistas e de liberdade. Aos 80 anos de idade estava sempre nas manifestações políticas. Nosso leal e assíduo companheiro do Comitê Popular de Luta da Praça Araribóia, onde discursava para a população, conversava com um e outro, ensinando, denunciando o fantasma do fascismo, defendendo o governo de Lula.

Produzia seus panfletos e distribuía nas ruas e nas praças fazendo o trabalho do verdadeiro militante que nunca abandonou as ruas e o contato com o povo. Sempre atualizado com as notícias políticas nacionais e internacionais, compartilhava sua análise conjuntural semanalmente nas nossas reuniões semanais, ajudando-nos a caminhar no rumo certo das lutas. Vendia livros de conteúdo político e frequentemente ofertava para um e outro, sempre difundindo o socialismo, condenando o genocídio em Gaza e as guerras promovidas pela Otan e o imperialismo estadunidense.

Pessoa da envergadura moral e política de Celso Agra deixará entre nós lições de fraternidade, coragem e engajamento nas lutas políticas pela superação do capitalismo e conquista do socialismo. Era estimulante chegar toda quinta-feira na nossa Banquinha e ver lá o Celso Agra, de cabelos brancos sorridente, jovial, pronto para mais um dia de trabalho militante dentro dos princípios fundadores do nosso PT.

Ele deixará saudade na família e na militância do nosso Comitê Popular de Luta Arariboia, falando no microfone com entusiasmo sobre as ações de Lula, convencendo a população a lutar em defesa de seu governo, com olhar crítico mas também realista sobre a correlação de forças enfrentada no Congresso e no deplorável bolsonarismo. Celso Agra será sempre um farol em nossas lutas.

Abraçamos seus familiares fraternalmente neste momento de dor e partida. Celso não viveu em brancas nuvens; sua vida foi dedicada à família, ao trabalho como metalúrgico, à militância sindical e petista, ao povo brasileiro.

Celso Agra Presente, hoje e sempre!

Niterói
18/05/2024

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Palavras de Cremilda, sua companheira de vida a um mes do seu falecimento

Hoje faz um mês que o meu gatão de meia idade se foi, por essas horas, impossível não me emocionar. Coloquei um Mozart no Spotify, embora ele fosse um apaixonado por Beethoven.
Daqui a pouco o colocarei também.
Sábado passado o pessoal do PT nos convidou para um almoço, lá em Piratininga, fez uma lindíssima homenagem a ele. Seguida de debates, algo que ele adoraria. Nossas meninas cantaram uma música que ele adorava A canção dos pescadores, de Dorival Caymmi em duas vozes como cantavam no Coral no tempo de escola e ele adorava. Iniciativa delas que só há pouco tempo descobriram contado por ele em vida, que essa era a música que mais cantava no presídio em suas prisões políticas na ditadura, para alegrar-se e alegrar aos demais prisioneiros. Soubemos também através de um outro militante preso no passado, com ele em SAMPA, que às sete horas da noite em ponto, ele enfiava a cabeça entre as grades e gritava bem alto: Aqui é a Rádio Jornal e fazia seu pronunciamento político. Ele nunca foi de comentar sobre isso.
Quando eu saía com ele, nos nossos encontros ele dizia: quando eu esta internado, levei anos para descobrir que internado era preso por motivos políticos.
Me impressionava como um ser tão delicado, educadíssimo, voz sempre baixa, podia ter um sangue tão ativo na Política, me impressionava muito com isso. Era um Metalúrgico, Ferramenteiro, orgulhoso de sua profissão. Se enchia todo de orgulho quando eu o chamava de Peão. Muitos o confundiam pela sua aparência e nível intelectual com um professor, me perguntavam também se era engenheiro, como um Sr dias desses, se viu surpreso ao saber que Celso era metalúrgico.
O pessoal fez um lindo texto e ao final me deu impresso com sua foto, como lembrança em papel couché.
Desculpe ocupar seu tempo, por enquanto falar dele me acalenta muito.

 

 

 

 

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