O discurso de Milei ratifica sua agressiva e messiânica atitude


 

O discurso de Milei ratifica sua agressiva e messiânica atitude: 

“Vou pisar a cabeça….vou mijar nos governadores”

O violento ataque com inaceitáveis desqualificações com que se dirige o presidente, dirigido especialmente a políticos, senadores, deputados e governadores, foi ratificado em seu discurso de abertura às sessões ordinárias do Congresso, e em sua gestão cotidiana. Este exemplo é apenas um exemplo do desprezo que demonstra pelas instituições da república. Esse agravo inconcebível, seu desrespeito, o coloca de fato em flagrante violação da Constituição Nacional, ignorando o Congresso Nacional, atropelando leis pré-existentes, o que claramente o coloca no caminho da instalação de uma ditadura de fato e uma ação repressiva para aplicar seu ajuste.

E por que afirmo esse conceito? Porque sinto que estamos passando por um acontecimento político que parece ficção, enredo de filme de terror, não parece plausível, nem que algo semelhante tenha acontecido até agora no mundo democrático universal. Tanta crueldade, tanta infâmia, tantas mentiras, encobertas por uma infame reportagem mediática da imprensa hegemônica.

Um Presidente que chama de heróis aos monopólios contra o mundo em todos os países, e que elimina os controlos de preços, colocando a sua regulação nas mãos do “Deus mercado”, foi o que fez explodir a inflação desenfreada, produzindo um aumento do preço dos medicamentos, dos aluguéis, acompanhado do congelamento de salários e pensões, além da retirada de remédios para pacientes oncológicos, eliminação do Fundo de Incentivo ao Professor, abertura descontrolada de importações, aumento indiscriminado de serviços públicos, energia elétrica, produzindo o fechamento de empresas, e a eliminação de obras públicas, com a consequente demissão de mais de 500 mil trabalhadores, o virtual encerramento da ACINDAR, a eliminação de bens alimentares às cantinas gerando enorme fome, entre outros atos desumanos, não nos permite imaginar tanta crueldade quando observamos este massacre social, e vemo-nos celebrar a falácia do déficit zero, que nada mais é do que o prazer sádico de ver a dor do povo causada pelo abandono da responsabilidade do Estado pela sua sociedade.

E fazem isso, conscientemente, protegidos pelo poder das corporações económicas, do poder financeiro, de mãos dadas com o grupo de trabalho mediático que sustenta o seu discurso de construção de uma realidade paralela, na tentativa perversa de estabelecer uma opinião pública que conduza dar justificativas à sociedade de que a crise produzida pelas suas medidas é culpa da política do governo anterior e mais especificamente do peronismo.

Os 10 mandamentos do deus Milei

O chamado PACTO 25 DE MAIO, que teoricamente será realizado em Córdoba nesta data, tem como objetivo central ganhar tempo e produzir confusão e divisão no seio dos governadores que têm tido uma postura política firme apoiando uma forte rejeição ao implacável ajuste. Por isso não se pretende abrir o diálogo como promovido pela imprensa hegemónica, a mensagem aponta claramente para uma reunião prévia onde os governadores aprovam o DNU e assinam os 10 mandamentos em troca de ajuda financeira e depois assinam o novo acordo fiscal, que nada mais é do que um cheque em branco feito sob medida para as corporações, que é, em última análise, o total entre entregas do Patrimônio Nacional.

Este apelo foi preparado pelo Macrismo, que fez parte desta estratégia divisionista posta em cena descaradamente pelo presidente no Congresso com enorme agressividade. Fornecendo uma imagem clara do chicote e da carteira

Todo o seu discurso foi marcado por uma postura que ratifica sua atitude messiânica e falta de equilíbrio emocional. As ameaças arrogantes não faltaram: “… se querem confrontar, vamos confrontar…” “Vou avançar e usar decretos e todos os meios que forem necessários…” Esse é o projeto que o Milei tem em mente, que é na verdade a das corporações nacionais e internacionais e do poder financeiro do qual é seu fiel representante.

A resposta do governador de Buenos Aires, Axel Kicillof

Com a clareza e a coragem que caracterizam o governador, ele apelou ao Presidente simplesmente para que respeite a Constituição Nacional que havia jurado respeitar. Axel citou os pontos que são 7:

1) “A reativação imediata das obras públicas, interrompidas caprichosamente e afetando os 135 municípios da Província;

2) “Respeito ao federalismo e reposição imediata dos recursos retirados vingativamente das províncias argentinas”;

3) “A devolução dos Fundos Finid, para salários de professores, fundos para universidades e para transporte;

4) “A distribuição urgente de recursos destinados às cantinas escolares e aos medicamentos”;

5) “A revogação do DNU é ilegal e inconstitucional segundo todos os especialistas, de todos os lados”;

6) “A firme rejeição do delirante projeto de dolarização”, que enfraqueceria a soberania monetária, multiplicaria as desigualdades e apenas favoreceria o tráfico de drogas”;

7) “A dragagem do Canal Magdalena. O que significa respeito e defesa irrestrita da nossa Pátria e da nossa história com a firme reivindicação da soberania das nossas Ilhas Malvinas” Esta posição de Axel Kicillof deve ser um ponto de partida para consolidar a decisão de primeiro virar o DNU e lançar as bases e o início para unificar as ações que motivam os governantes na defesa dos interesses do nosso povo. E considerar a construção de uma liderança política, estratégica e tática que a oriente

As tarefas impostergáveis do peronismo para unificar o campo popular

Este panorama e as perspectivas que se abrem conduzem sem dúvida a um surto social, para o qual deve estar preparada uma liderança estratégica e táctica, e na minha opinião envolve a unificação do peronismo baseada nas centrais operárias, nas multissectoriais e nas organizações sociais, que possam se tornar um centro unificador de uma FRENTE NACIONAL E POPULAR para conduzir o povo à vitória. O apelo à construção de uma comissão para normalizar o peronismo me parece bom, mas devemos apostar em abrir sem demora um debate profundo, para traçar um projeto de país que seja produto do consenso majoritário do povo.

Não será fácil, mas é uma necessidade que não pode ser delegada, que ao longo do caminho a concepção verticalista fechada seja trocada por uma operação participativa onde se sente a grande maioria, parafraseando JUAN DOMINGO PERON… participantes e construtores de seu próprio destino e nenhum instrumento da ambição de ninguém… entre outras coisas.

Acredito que assim poderemos, não sem grandes esforços e com humildade militante, construir uma COMUNIDADE ORGANIZADA que dignifique os destinos do nosso País e nos projete rumo à sonhada UNIDADE LATINO-AMERICANA.

Héctor Cabrera, exdiretor sindical nacional da CTA dos Trabalhadores

Foto: Javier Milei (crédito: CEDOC)

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