O início do fim do golpe fascista no Brasil e o chamado de Lula à nação brasileira


A anulação dos processos contra Lula em Curitiba e a votação pela suspeição de Moro marcam o início do fim do golpe fascista no Brasil. Todo o esquema jurídico-parlamentar-midiático montado contra Lula, o PT, Dilma Rousseff, culminado com eleição farsesca de Bolsonaro, entra em fatal fibrilação.

Fatores objetivos, como a incapacidade de governar de Bolsonaro, seus ministros,  funcionários e base parlamentar, numa situação de Pandemia, precipitaram o processo, cuja raiz da crise está na tresloucada tentativa de aplicar as receitas neoliberais mais extremistas a uma Nação com 230 milhões de habitantes com tamanha importância, dimensões, variedade cultural e história democrática recente.

A máquina de guerra montada a partir do ‘mensalão’, aperfeiçoada com a ‘lava jato’, prosseguindo com o golpe contra Dilma Roussef e culminando com a prisão de Lula e a ‘eleição’ de Bolsonaro, conseguiu em breve período fazer enormes estragos à Nação, destruindo conquistas sociais, direitos democráticos, trabalhistas e sindicais, mas também parte das estruturas fundamentais da soberania nacional, como grandes empresas públicas e privadas, tendo por alvo principal a Petrobrás e o controle do petróleo pelas multinacionais estrangeiras.

Este “modelo” de destruição da estrutura produtiva nacional, e subordinação escancarada aos interesses estrangeiros, junto à destruição da proteção dos direitos sociais, não poderia jamais funcionar, iria implodir como implodiu no Chile e onde foi experimentado. Mas a Pandemia, das mais graves que a humanidade enfrentou, precipitou este processo e deu xeque-mate aos aprendizes de feiticeiro e extremistas de direita, inebriados com uma ‘vitória’ imposta a fórceps e numa farsa eleitoral. O ‘mito’ se revelou um blefe.

É disto que se trata, e este é o contexto em que o STF, após 5 anos de cumplicidade e covardia, resolve dar um “basta” à farsa da ‘república de Curitiba’, libertando definitivamente o mais perigoso dos inimigos da conspiração. Qualquer que seja a deliberação futura do STF e da Justiça Federal, o gênio não voltará mais para a garrafa. Porque é um gigante, nenhuma prisão o encerrou, nenhuma farsa jurídica o derrotou, nem mesmo a mais sórdida das campanhas midiáticas o maculou.

O STF não resistiu à pressão da responsabilidade, seus ministros reveem suas posições e seus votos anteriores, sem confessar que se intimidaram, tremeram, traíram os que os nomearam em boa fé acreditando na sua sapiência e tergiversaram, desde os tempos do “mensalão”. Não confessarão nem abjurarão seus delitos. Mas viram o perigo de serem tragados pela indignação crescente, não somente no meio jurídico, mas em toda a sociedade, pela farsa macabra revelada pela ‘vaza jato’.

A válvula se abriu, e não haverá como fechá-la. O lawfare começa a naufragar na Argentina de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, fracassou na Bolívia de Evo, está fracassando no Equador de Arauz, e o Brasil será o próximo, e talvez o caso mais exemplar e aberrante, como a maior farsa jurídica da história.

Também fracassa a intentona fascista e militarista. Um fascista no poder, rodeado de milícias e de generais de pijama, não foi suficiente para consolidar um regime repressivo e sanguinário, que tentou delegar à Covid a culpa pelas mortes, lavando as mãos e utilizando-a como arma de terror e intimidação, aproveitando-se da impossibilidade objetiva de manifestações populares de massa. Fracassou, frente a uma sociedade em sua maioria atenta e sensível, à comunidade científica, ao pessoal da saúde da linha de frente, a funcionários, governadores, prefeitos e gestores e organizações sociais que não se resignaram e questionaram, reagiram, e levantaram a cabeça contra o Terror de uma doença terrível e descontrolada, agravada em muito pela condução tresloucada e negacionista dos governantes, e ao mesmo tempo contra a sua inércia criminosa.

Ousamos afirmar que tudo indica que não haverá o tão temido ‘golpe fascista’ com condimentos militares. O momento passou, as elites que tramaram o golpe batem em retirada nas suas contradições, as ratazanas desertam do navio, o experimento saiu de controle. Tentarão ainda salvar o salvável, manipular, mentir, tergiversar, manter em vida o governo até o fim do mandato, avançar ainda na agenda criminosa e privatizante. Como está fazendo o governo de Lenin Moreno no Equador, rifando o resto da nação frente à segura derrota eleitoral de abril. Mas as primeiras pesquisas já avisam: os brasileiros não concordam com a privatização da Petrobrás, dos Correios, do Banco do Brasil. O SUS aparece hoje como uma mão milagrosa, salvando vidas. A ‘ajuda emergencial’ torna-se um imperativo. A indignação pelas ignóbeis manifestações do monstro insensível encastelado no Planalto cresce à medida que aumentam as vítimas da Covid, a miséria, a fome, o desemprego. A loucura do “teto de gastos” cai na profundeza do abismo, sem remédio nem sustentação.

Eis que Lula, libertado das amarras da cassação dos direitos políticos, faz um discurso histórico, oferecendo uma perspectiva de redenção à Nação. Desafia o monstro, propõe uma saída política, econômica, social, com soberania, com democracia, oferece a mão para quem quiser construir um outro mundo, que já se demonstrou possível. Lula da tribuna do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, se reabilita como estadista, e reafirma seu berço político e de classe, deixando claro que os trabalhadores serão os protagonistas das transformações. A decisão do STF faz com que seja um Ato Público de alcance nacional, e não mais somente uma resistência prisioneira de redes sociais. O silêncio midiático dá lugar a um barulho ensurdecedor, a Nação inteira vai ouvir este grito. A represa ruiu, não há como fazer a água retornar. Qualquer que seja a tentativa de sobrevivência, qualquer que seja a reação desesperada, as hordas fascistas serão derrotadas.

Lula, “animal político”, que nunca deixou de fazer política, mesmo estando preso em Curitiba. Lula foi preciso nos seus agradecimentos, nominou as principais pessoas, soube destacar sua capilaridade internacional, o que é muito bom, pois sinaliza para os chineses e os russos que ele está vivo, e que nem tudo está perdido no Brasil, por conta do Bolsonaro. Lula se dirigiu as principais lideranças do mundo. Falou: “estamos em campo, e o jogo ainda não terminou, a bola esta rolando”. Precisamos dar continuidade ao Brics, a Unasur, a Celac e ao Mercosul. Lula se dirigiu ao povo sofrido que está passando por uma crise tremenda, fome, desemprego, e mortes devido ao Covid. Foi magnânimo ao dizer que não tem magoa, pois a sua dor não é nada comparada com a dor das mortes e pelo sofrimento do povo. Defendeu um programa de governo urgente: intervenção do Estado para o desenvolvimento da economia. Situação inconteste diante da intervenção do Estado no mundo todo, a exemplo, dos EUA com quase 2 trilhões de dólares – logicamente, em virtude do poder do governo norte americano de emitir dólares sem lastro, e o mundo pagar esta conta. Correto o chamado do Lula aos empresários, pois eles também dependem do desenvolvimento para obterem lucro. O chamado à classe operária, a CUT, ao MST, ao MTST, ao MAB, as outras centrais sindicais. Em resumo, Lula como ninguém – e não é apenas por sua retórica-, sabe mobilizar mentes e corações. Mobilizou o país. Lula se movimentou em virtude das condições políticas colocadas neste exato momento.

O sinal foi dado: a hora é agora. Todos com máscaras, todos com medidas de proteção, mas todos na luta e todos na rua, para preparar a derrota final do golpe. Toda articulação política é válida, ampla geral e irrestrita, mas a plataforma é: vacina já, auxílio emergencial já, emprego já, abaixo o desmanche da Nação, Petrobrás para os brasileiros, a reconquistar os direitos sociais perdidos! Esse foi o sinal que deu Luiz Inácio Lula da Silva aos brasileiros, cabeça erguida, sem lamentar-se das “chibatadas”, mas sem perdoar os feitores: a vingança será a reconquista da Nação pelos brasileiros, de uma nova Nação com justiça social, crescimento, progresso e democracia.

Comitê Editorial

10/03/2021

Coletiva de imprensa no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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