As seguidas ameaças de intervenção na Venezuela pelos EUA, agora tendo como real parceiro o governo e parte das Forças Armadas do Brasil que estão propondo mudanças na Política Nacional de Defesa para estabelecer certa legalidade a uma eventual invasão armada contra qualquer país vizinho, é uma afronta não só ao governo bolivariano de Nicolás Maduro e o povo venezuelano, mas a todos os países vizinhos e também à sociedade brasileira que sequer tomou conhecimento que tal plano, além de absurdo, está na pauta do governo e será encaminhado ao Congresso para votação. A ideia do governo de Bolsonaro de uma nova política de defesa, que inclui no texto “a possibilidade de guerra contra países vizinhos,” tem essa finalidade: obedecer a Trump ou ao sucessor e atacar a Venezuela! É cada vez mais escancarada a presença e o poder americano nas instituições brasileiras, como cita o colunista Jeferson Miola em artigo no 247: “Juízes, procuradores, policiais federais e agentes públicos obedecem ordens e executam planos delineados pelo FBI, CIA, Departamento de Justiça, Departamento de Estado, agências e órgãos de inteligência e espionagem dos EUA”. Eis um atentado evidente em marcha contra a soberania nacional que se retrata no vídeo dos generais vende-pátria frente ao Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos. Veja vídeo
É verdade que Trump está em situação de extrema debilidade interna, em queda livre nas pesquisas eleitorais diante da catástrofe da pandemia que deixou o país no topo da lista – com já quase 136 mil mortos, 3 milhões e meio de infectados e o mais alto índice de desemprego dos últimos 70 anos (14,7%) – e pela repercussão negativa da violência policial com o assassinato de George Floyd seguida de gigantescas manifestações de protestos de negros e brancos contra o racismo e a pobreza secular no império capitalista. Ao mesmo tempo, que responde a disputar um eleitorado conservador, ultra-financista representados no Deep State com surtos de ameaças a invasões, não esconde, por outro lado, sua postura de “nacionalista”, America First, e de freio as tropas americanas pelo mundo.
A ameaça do imperialismo norte-americano de lançar a guerra contra a Venezuela é moeda de troca no processo eleitoral, tanto para pressionar Trump a assinar a ordem para matar, desmoralizando-o definitivamente, quanto para livrar a cara dos “democratas” que foram mestres em agressões externas. O imperialismo tem o dedo no gatilho, ganhe quem ganhe, e só não dispara o primeiro tiro porque teme a reação de russos e chineses, alertas 24 horas por dia, e também do povo venezuelano, que já está preparado para o enfrentamento. O que não tem que fazer o Brasil é entrar nesta sinistra contenda, e é dever da esquerda brasileira tentar impedi-lo.
Assim como Trump, Bolsonaro também representa e fortalece esta política genocida contra os brasileiros. É o segundo País com o maior número de mortos e infectados pelo Covid19. O Brasil já aproxima dos 80.000 mortos e 2 milhões de infectados. Sem uma política de combate à crise sanitária e sem ministro da saúde que busque soluções adequadas e apoiadas já nas experiências que deram certo como Cuba, China, Nova Zelândia, que adotaram medidas capazes e eficientes para derrotar o vírus, nenhum especialista que tenha o mínimo de consciência e dignidade arriscaria assumir nas condições atuais, um ministério identificado com esta política genocida já que a condição imposta pelo governo para esta tarefa, é obrigação, primeiro de assumir o compromisso com a política negacionista, contra a ciência, contra todas as orientações da OMS e contra as opiniões dos mais renomados infectologistas e especialistas na área desta pandemia e, segundo, propagar para todos os hospitais e para a população a importância do uso da cloroquina e hidroxi-cloroquina como o medicamento que irá salvar os pacientes contaminados. O próprio disse ter se curado da doença com o tal remédio. As suspeitas de que essa insistência com o tal remédio atende a interesses da indústria produtora e tem fortes ligações com as Forças Armadas, não são infundadas.
E é nessa cadência que Bolsonaro enganando a população com suas mentiras, se posando de vítima e sem a pressão popular necessária se mantém como representante do que há de pior que é o de apostar na divisão da sociedade estimulando o ódio, e para isso foi criado, sob orientação de agentes americanos, um gabinete sofisticado, bolsonarista, cuja função é disseminar a violência; daí a operação sistemática onde se promovem e se difundem ataques e mentiras contra a esquerda e a oposição por meio de mensagens em redes sociais, organizando manifestações de rua, pedindo o retorno da ditadura, do AI5 e provocando o Supremo Tribunal Federal (STF) e Congresso, pedindo seu fechamento e a prisão dos seus membros que não se alinham com a política bolsonarista.
Abre-se uma crise interior dos setores políticos golpistas sustentadores do clã Bolsonaro. Daí a tal da “Frente pela democracia” empurrada pelo PSDB, bem como a operação contra o “gabinete do ódio”, através da decisão de um dos ministros do Supremo que decidiu peitar os milicianos e instaurar uma investigação para descobrir os financiadores deste gabinete que, tudo indica, inclui vários empresários. Contra este grupo a Justiça investiga ainda a disseminação das Fake News que alimentou a vitória de Bolsonaro nas eleições contra Fernando Haddad. Consequentemente dados estatísticos mostram que neste governo a violência policial contra negros e pobres e que são também as principais vítimas do Covid19 e da pobreza nas periferias e nas favelas aumentou absurdamente. Estas informações permitem entender o envolvimento direto de agentes da CIA, e do Departamento de Estado do Estados Unidos na política e no modus operandis do governo Bolsonaro para atender seus interesses.
O PT e a esquerda já têm denunciado que a vitória eleitoral de Bolsonaro contou com o mais amplo apoio dessas forças, as mesmas que nos últimos anos vem desenvolvendo uma política de ocupação da América Latina por meio do lawfare, da espionagem, da arrogância, das forças ocultas e ampliando os recursos para consolidar uma direita que seja subalterna, e que faça a política de garantir seus interesses na região. As Forças Armadas arriscam embarcar nesta aventura de atacar uma Venezuela muito bem preparada para um contra ataque que conta com um exército fiel ao governo bolivariano, e uma aliança cívico-militar bem treinada e armada para o combate, além do apoio militar e estratégico da Rússia, China e Irã!
Desta vez o império americano com sua política predatória contra governos que não se alinham a seus projetos criminosos de destruição do mundo, mais precisamente os governos progressistas e de esquerda, busca um alvo mais próximo na América Latina, mas sempre com altos recursos naturais como o Brasil e a Venezuela petroleira. Aproveitando-se da pandemia que inibe grandes mobilizações, e uma OEA totalmente submissa, o imperialismo tem sob seu domínio países como Equador, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile e Peru, financiando e municiando com armas sofisticadas grupos de mercenários assim como as milícias fascistas organizadas com o mesmo know-how do Estado Islâmico.
É com a preocupação e o respeito pela nossa soberania e a soberania dos países vizinhos, hoje vários deles ocupados por agentes treinados pela CIA, que a oposição no Congresso e todos os partidos de esquerda e progressistas unidos devem rechaçar o texto da Nova Política de Defesa que será apresentado ao Congresso e ao Conselho de Defesa, que prevê a possibilidade de guerra com países vizinhos e debater amplamente com a sociedade a necessidade de resgatar seus direitos e sua dignidade. O ex-presidente Lula fez um alerta aos sérios riscos de guerra que corre a América do Sul se esse entreguismo militar passar no Conselho de Defesa do Brasil. Leia Recorde-se que em 2008 o seu ministro da Defesa Nelson Jobin levou ao Conselho de Defesa Sul-Americano, a proposta brasileira de formar a OTAS (Organização do Tratado do Atlântico Sul), como organismo de defesa dos países da Unasur, antagônico às ameaças da OTAN.
O povo já sofre as consequências da guerra da pandemia, em mãos de um governo genocida. A guerra servirá a continuar o genocídio do “pandemônio” político e entregar de vez o país ao poder dominador dos EUA e das finanças internacionais. Mais do que guerrear com os vizinhos, é preciso buscar soluções para um amplo desenvolvimento econômico e social, buscar soluções para fazer frente à pandemia que se alastra por toda a região com consequências devastadora para sua população, fortalecendo metas integradoras como as do Grupo de Puebla, políticas públicas e de Estado e cooperação econômica regional, de combate às medidas de privatização da Petrobrás (solidarizando-se com os petroleiros da FUP), contra a ocupação da Amazônia, as votações das medidas de cortes aos direitos trabalhistas e previdenciários, e aprovar urgentemente investimentos sócio-sanitários aos excluídos do país. Essa é a base para uma verdadeira democracia de qualquer Frente Única das esquerdas com as forças progressistas.
Comitê Editorial
Posadistas Hoje
20 de julho de2020