Imagem: site do MST
A resolução do ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva de não aceitar a proposta do Ministro do STF Gilmar Mendes de liberá-lo da prisão em troca de declinar da sua candidatura à Presidência da República dá um tom mais elevado para o enfrentamento das forças populares e democráticas com a elite oligarca-financeira-midiática-jurídica-institucional. Tal decisão tem um significado político importantíssimo: não estamos aqui para nos submetermos a este golpe contra a Presidenta Dilma, a soberania nacional, e o povo brasileiro; e vamos até as últimas consequências em defesa da candidatura do ex-Presidente Lula. Está fora de qualquer hipótese deixar de denunciar tão brutal golpe político impetrado contra o povo brasileiro, hoje bem evidente com as nefastas consequências econômico-sociais do governo ilegítimo de Temer.
Não se trata apenas do direito democrático da candidatura do ex-Presidente Lula, mas da defesa do maior líder de representação popular no país, com autoridade internacional para resgatar a nossa trajetória de soberania – tantas vezes interrompida –, rumo ao desenvolvimento sustentável e à capacidade de reversão da brutal desigualdade social no Brasil.
Lula sempre foi um dirigente político de massas, com grande capacidade tática, de estabelecer alianças no governo, sem abnegar da meta social a favor da classe trabalhadora e da soberania nacional. Mas, agora, com o golpe jurídico-midiático de Moro/Globo/EUA, mais do que nunca se põe em risco essa meta transformadora. O cálculo de Gilmar Mendes, baseado na gestão passada de Lula, prevendo a sua aceitação indecorosa à renuncia da candidatura presidencial em troca da liberdade, caiu por terra. Lula reafirma a sua condição de preso político, e a sua convicção de realizar um Plebiscito revogatório sobre as medidas adotadas pelo governo Termer, chamar uma Assembleia Constituinte no meio do ano de 2019 e realizar uma verdadeira reforma tributária quando assumir pela terceira vez a Presidência da República.
Essa decisão de Lula reforça as tendências no Judiciário como a do desembargador Rogério Favreto que tentou libertar Lula e enfrentar as manobras ilegais de Moro e dos poderosos do TFR-4, levando a arena internacional a pronunciar-se por “Lula-Livre Já!” desmascarando a ilegalidade do Judiciário brasileiro. Porém, as tendências constitucionalistas e democráticas como Levandovsky ou Marco Aurélio não podem se fortalecer dentro de um Judiciário assaz comprometido com interesses oligárquico-internacionais, se não houver povo mobilizado nas ruas ao lado das dezenas do movimento de juristas pela libertação de Lula. O mesmo se poderia dizer das correntes militares democráticas e nacionalistas, silenciadas frente à barbárie do entreguismo. Somente o povo mobilizado pode dar impulso à paralisia das instituições democráticas. Não só Lula Livre, mas Lula Presidente, requer um verdadeiro levante popular com ampla difusão nas TVs e rádios comunitárias, estendendo uma verdadeira Rede da Legalidade.
Por isso é importante esta linha de comunicação entre a resistência e as diretrizes de Lula, a vigília dos tenazes acampados em Curitiba e a vanguarda dos lutadores nacionais, apoiados pela solidariedade internacional. Pouco se diz, mas a vigília de Curitiba tem sido também um termômetro do estado de ânimo, de rebeldia e de solidariedade do povo desta cidade, desmistificando a imagem do território “contaminado de coxinhas” e pró-Moro. Toda esta rede de organização dos impulsos de luta confluíram no massivo ato dos artistas na Lapa, cerca de 80 mil no Rio de Janeiro, levando o recado por Lula Livre Já, desde os históricos Chico Buarque, Gilberto Gil, Beth Carvalho, Sérgio Ricardo, aos novos cantores das favelas que, apesar do apagão midiático da Globo, chegaram ao mundo, via TVT dos Trabalhadores, Telesul e redes sociais.
É bastante alentador o resultado das pesquisas de intenção de votos que dão Lula com índices de votação que superam a somatória dos concorrentes. Porém, há que ter consciência de que estamos sob um manto de uma provável fraude eleitoral por dois motivos: a primeira, com o impedimento político da candidatura do Lula, e a segunda, a fraude nas urnas eletrônicas.
Portanto, o novo pacto social deve assentar suas bases na tarefa de permitir que Lula seja candidato e Lula livre. E mesmo que ainda preso, seja respeitado a jurisprudência que permite a candidatura de um preso, ainda não julgado na terceira instância do Judiciário. E o segundo tópico, reverter a decisão que proibiu a impressão do voto impresso nas urnas eletrônicas pois de uma forma ou outra vão buscar impedir a posse de um presidente do campo da esquerda ou progressista. O golpe não foi impetrado para no final permitir a volta do Lula ao poder. Por isto, a tarefa política neste momento requer muita sabedoria e capacidade política e mobilização popular. Todos a Brasília, no dia 15 de agosto de 2018 quando do registro da candidatura de Luís Inácio Lula da Silva à Presidência da República.
Comitê de Redação
Jornal Revolução Socialista
30/07/2018