44º. Aniversário da Revolução Islâmica do Irã


“O dia da derrota do inimigo” é o que falam no 44º aniversário da revolução islâmica iraniana (1979) que hoje, além da expulsão da monarquia e do imperialismo americano, é diferente de todas as outras vezes por muitas razões, internas e internacionais. A participação das massas em 1.400 cidades e 37.000 aldeias não foi apenas enorme, mas mais que uma festa, muito combativa. Fala-se de 22 milhões de participantes, 30% a mais que na últimas vez, 3 anos antes da pandemia.

As massas e as lideranças revolucionárias superaram, recentemente, um plano insidioso e bem pensado para derrubar o presidente Raissi apoiado por todos os estados burgueses e capitalistas do mundo. Este ataque deixou feridas graves no corpo e na alma da sociedade classista e multiétnica do Irã. Esta derrota, graças à intervenção das organizações sociais e das forças de segurança, aumentou a paixão e o sentimento de vitória das massas na defesa do governo Raissi contra a conspiração internacional feita pelos estratos da classe média alta neoliberal e círculos ligados à máfia de os aparelhos parasitas.

Com essas manifestações, as pessoas pressionaram o presidente Raissi a apoiar e acelerar a luta contra as tendências políticas existentes no capitalismo. Apesar da luta contra as forças da especulação ligadas aos círculos e organizações imperialistas ser vitoriosa, ela não é contra a privatização. Existem setores fortes, mesmo nos altos escalões do poder, que querem o campo livre para o comércio e os mecanismos de mercado sem qualquer tipo de intervenção estatal.

Parece um passo para frente e dois para trás, mas agora, com esse grande empurrão, Raissi e os revolucionários se animarão para dar a batalha direta, mais decisiva e imediata através da intervenção do Estado para planejar tudo. Essa intervenção já existe, com a do Banco central no mercado financeiro da moeda, mas também no setor industrial como no importante setor automobilístico, e na importação e exportação. Executivos de montadoras estão na China e na Rússia contra aqueles que bloqueiam programas conjuntos e integrados. Dado que a indústria automobilística é privada e mafiosa, sua transformação demonstraria o caráter essencialmente político do novo curso. Este, incluindo a substituição realizada de vários dirigentes de Bancos privados, da polícia e dos serviços de segurança,  dá a boa expectativa de que as mudanças econômicas e sociais sejam possíveis com o governo Raissi. As zonas francas e os portos serão integrados aos portos francos como Astrakhan russo no Mar Cáspio e dos países da Ásia Central. São elementos importantes do planejamento contra o livre mercado dos empresários.

O aiatolá Khamenei, contra a interferência dos aparatos, havia dado rédea solta aos setores privados. A constituição iraniana foi modificada por ele contra o setor estatal, ao ratificar as selvagens privatizações ocorridas nos 8 anos de Khatami, e antes dele, por Rafsanjani. Khamenei concorda com o papel do Estado como guia, mas acredita que deve desalojar o poder excessivo dos aparatos apoiando as privatizações. Algo impossível. Os setores privados, sobretudo os Bancos, já demonstraram que não vão abrir os livros contábeis, nem vão obedecer aos ditames do governo sem a imposição coercitiva do Estado através do Banco Central.

No entanto, a verdadeira luta interna ainda não se tornou pública, mas nota-se na dificuldade, na lentidão e travas nos planos acordados com a Rússia e a China, sobretudo. Alguém na Câmara de Comércio queria a anulação dos acordos com a China, mas agora, sob pressão, os planos de integração vão avançar rapidamente. O Parlamento ratificou a adesão iraniana à Organização de Cooperação de Xangai e o governo deu ordem executiva, enquanto aqueles que apoiam a submissão à AIEA, FATF e outras medidas para permanecerem vinculadas às políticas imperialistas da OMC, privatizações e acumulação capitalista estão em declínio.

Vejamos o que acontece com Amir Abdollahian, Ministro das relações exteriores agora denunciado pelo embaixador russo em Teerão, como alguém que não reconhece os referendos na Ucrânia e a integração das 4 regiões, mais a Crimeia, na Federação Russa. Se o diz, significa que tem o apoio de alguns setores importantes do poder que ainda não se revelam. Amir Abdollahian apoia a integridade territorial da Ucrânia e sua crise será o barômetro da transição para medidas revolucionárias e de campo. As travas, depois do grande empurrão de hoje, não vão durar muito e vão quebrar nos pontos mais dúcteis. O cinema e o futebol já foram expurgados de atores e jogadores ricos e corruptos; aqueles que apoiaram a “revolução feminina colorida” contra o governo. Inclusive, na TV já foram eliminados programas obscuros. Agora é a vez de outros órgãos como o Discernimento de Conveniências, e elementos corruptos e reacionários como Ali Ansâri que entraram na mira das críticas nestes dias.

Do nosso correspondente
S. Bavar
Direto do Irã

11-02-2-23

Foto: @iran_GOV

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