A rebelião dos povos em plena pandemia contra a desigualdade social, o racismo e a barbárie capitalista: na ordem do dia, o papel do Estado a serviço da justiça social.
Em plena Pandemia o povo dos EUA se rebela contra opressão racista.
Contando com mais de 100 mil mortos por Coronavirus e 40 milhões de desempregados, na maior crise desde 1930, os EUA se desmorona com todas suas fragilidades políticas e estruturais capitalistas ao enfrentar a pandemia; campeão em guerras de ocupação econômica e militar, desigualdades sociais e racismo, bastou mais um dos cruéis assassinatos contra os cidadãos negros, como George Floyd, para eclodir uma rebelião social em todo o país, onde a juventude decide arriscar suas vidas, o contágio viral, e a repressão, como quem não tem mais nada a perder, nem esperar do governo Trump, apostando apenas na sua dignidade e no futuro das novas gerações.
Num Brasil à deriva, o povo também vai se rebelar.
O Brasil – o segundo país com maior índice de contaminação de covid-19, e o quarto em mortalidade, com mais de 30 mil falecidos – desgovernado por políticos e generais cúmplices de um extermínio sanitário (com a anti-ciência, a anti-quarentena e a cloroquina de Bolsonaro-Trump); com enormes bolsões de pobreza absoluta, deambula à deriva da crise institucional, do embate entre os agentes do “lawfare”, de Moro e grupos midiáticos disputando o controle político do Judiciário e do Legislativo. Não se sabe quanto sobrará da “democracia” pregada, a último momento, por juízes do STF como Celso de Melo e Alexandre de Morais, nem por quanto tempo as populações pobres e faveladas poderão esperar que sejam somente as torcidas de futebol nas ruas a serem suas porta-vozes contra o fascismo e as barbaridades de Bolsonaro. Pesquisas realizadas revelam que de cada 100 mil pessoas no Brasil morrem 6 vezes mais nas favelas que nos bairros privilegiados. No país, são 13,5 milhões na extrema pobreza; 31 milhões sem água potável, 74 milhões sem esgoto, 6 milhões sem banheiro em casa, 12 milhões compartindo um quarto, 25 milhões com um banheiro para 10 pessoas (Fonte: SIS). Enfim, o Estado atual está completamente ausente para garantir as mínimas condições sanitárias e alimentares para os pobres vencerem a pandemia.
O maior problema da assombrosa reunião ministerial não foi somente o desfile de palavrões e ameaças de Bolsonaro (nenhuma novidade), mas o silêncio total diante do genocídio do povo lá fora, morrendo de coronavirus. Tremendo retrato ao vivo, conspiratório e leviano, com Guedes e demais ministros discutindo a “economia versus a quarentena”, para os quais a urgência é só para a “economia” – entendida como privatizações, esvaziamento do Estado, arrocho dos direitos sociais – e não o planejamento emergencial para salvar a indústria nacional, o comércio, os postos de trabalho, oferecer subsídios e os insumos sanitários para salvar vidas. São duas questões urgentes a resolver para garantir as vidas no Brasil: a política e a pandemia. Mas a política da instigação ao caos, da democracia abstrata e da exclusão de Lula e do PT, dos sindicatos e movimentos sociais é o caminho mais perigoso que poderá levar o Brasil no mesmo caminho das chamas e das trevas dos EUA.
A Argentina aponta para uma saída progressista
O quadro é mais esperançoso na Argentina com a gestão de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, mencionados pela a própria ex-presidenta, Dilma Rousseff, na sua entrevista à Rádio AM750 de Buenos Aires, como exemplos para o Brasil. Ao levar uma política de contenção antecipada, de quarentena severa, acionando o Estado para implementar rapidamente a estrutura sanitária pública (fortemente golpeada pelo macrismo), a Argentina até hoje conseguiu manter o nível relativamente baixo de 556 lamentáveis mortes, 387 casos/milhão contra 2.511 casos/milhão no Brasil. Desta forma, a aceitação à gestão de Alberto chega a 80%. No entanto, tal como nas filas do bolsonarismo, a politização da luta para vencer a pandemia, tem sido instigada pela extrema direita da coalisão Cambiemos-PRO (com fraturas internas), instigando, via redes sociais, os manifestantes da burguesia e da classe média alta, minoritários anti-quarentena, em nome da “liberdade” contra uma suposta opressão do que eles denominam “infectadura” promovida por cientistas e políticos do governo de Frente de Todos. São os mesmos que, como Trump e Bolsonaro, berram contra a China e a Venezuela. Diga-se de passagem, dois países exemplares na batalha ao Coronavirus. Os instigadores da anti-quarentena andam histéricos porque o Congresso deverá em poucos dias aprovar a lei do imposto extraordinário e momentâneo às grandes fortunas; trata-se de um grão de areia que não lhes tolhe a “liberdade de roubar”, de fugir com os capitais aos paraísos fiscais e subir nos seus aviões privados para fugir para o Uruguai ou para os EUA; mas a lei permitirá ao Estado assistir de forma emergencial aos mais necessitados durante a Pandemia.
O novo polo de preocupação é que, a Pandemia destapou novas exigências além da estrutura sanitária, de hospitais, camas, respiradores e insumos de proteção, e testes (de Covid-19) que na Argentina tem sido supridas a toda velocidade, com a atuação do Estado, estimulando a produção nacional, contando com a importação chinesa, na contracorrente da epidemia, durante a quarentena de mais de 75 dias; o Coronavirus, ao chegar velozmente às favelas da cidade de Buenos Aires e de municípios adjacentes, visibilizou a enorme precariedade da vida nos bairros pobres. A famosa Vila-31, foi atacada pelo vírus em plena falta de água potável durante mais de 10 dias por inoperância da prefeitura (há anos sob a gestão macrista), ceifando a vida da sua principal porta-voz e lutadora, Ramona Medina.
A realidade das favelas que passaram a ser o principal foco de contaminação, a precariedade do saneamento básico, das moradias, do sistema de águas e de esgoto, tornou-se central e mereceu uma reunião especial do presidente Alberto Fernández com representantes dos bairros populares de Buenos Aires e Nacho Levy do movimento a “Garganta Poderosa”. Há bairros, como a Vila Azul, que são focos de grande contaminação devido à aglomeração de famílias em pequenos espaços. Realizam-se testes de Covid-19, casa por casa; os casos positivos são resguardados em instalações sanitárias específicas; a provisão alimentar e insumos de higiene é garantida pelo Estado e pela solidariedade popular. Num ato de inauguração de instalação de tanques da distribuidora estatal de água (AYSA) em Quilmes, Alberto reforçou a decisão de fortalecer políticas de Estado para os setores mais vulneráveis: “A pandemia nos dá uma enorme oportunidade para colocar as coisas no seu lugar. Já sabemos da injustiça que temos na nossa sociedade. Temos a oportunidade de mudar isto, para que a justiça impere entre nós. Justiça é ter acesso à educação, à saúde e à água”.
A Pandemia coloca também aos governos populares um desafio histórico e inadiável de mudar a natureza do Estado, transformá-lo, para que assuma maior controle econômico e financeiro, para que o projeto nacional e popular avance rapidamente em medidas de distribuição de renda igualitária, de criação de trabalho, de planos de crédito e construção de casas.
Tudo indica que o Estado argentino visa superar as metas de vencer uma pandemia, para defender vidas na sua plenitude e para todos[is1] . Tudo indica que o governo argentino avança na defesa de conquistas sociais importantes, na contramão dos governos reacionário. A comoção do presidente Alberto na Casa Rosada durante a sua homenagem aos trabalhadores essenciais no combate à pandemia, por ocasião do dia da Pátria no dia 25 de maio, alenta a expectativa de que junto à experiente Cristina Kirchner e à equipe de jovens quadros peronistas-kirchneristas do seu governo, a Argentina poderá estar na vanguarda das transformações na América Latina nos próximos anos.
O exemplo bem-sucedido de Cuba e Venezuela na luta contra a Covid-19
Não há como vencer a batalha contra o Coronavirus, ignorando o avanço científico, a capacidade social e a organização de Estados mais avançados, particularmente Cuba e Venezuela no terreno latino-americano. Não é casual que, não obstante o bloqueio econômico, se encontrem, proporcionalmente, com um menor índice de contaminação e mortalidade; Cuba se encontra com 83, e Venezuela com 17 mortos até o momento. Leia o preciso relato, desde Cuba, de Maria Auxiliadora César, do Nescuba de Brasília.
É essencial combater a infodemia das fakenews , a guerra midiática e seus efeitos nefastos sobre a política e os rumos do Brasil. Não é tarefa só de juízes. É de todos. A entrevista concedida por Blanca Eekhout, Ministra de Comunas da Venezuela, ao Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela, merece atenção e difusão, pelo detalhamento de medidas contra a pandemia tomadas naquele país tão demonizado pela mídia hegemônica brasileira, ameaçado pelo bloqueio econômico, por ataques mercenários e militares dos EUA. Assista Roda Viva Venezuela. A ministra narra a grandeza desse Estado, da dimensão da união cívico-militar que o sustenta e o significado da vitoriosa chegada das 5 naves petroleiras do país irmão, o Irã. Sente-se a presença de Hugo Chávez, o grande arquiteto dessa empreitada integradora com o Irã, desde tempos do ex-presidente Ahmadinejad. Chávez ressuscitou e desembarcou comandando essa esquadra histórica. Grande derrota de Trump! E agora com o império em chamas.
02/06/2020
Posadistas Hoje