Sidney Fix Marques dos Santos (Lalo), dirigente trotskista-posadista, desaparecido na Argentina desde 15 de fevereiro de 1976


Nascido em São Paulo, em 20 de janeiro de 1940, Sidney foi desde sua juventude
militante, e depois, dirigente do PORT (Partido Operário Revolucionário Trotskista).
Sidney era dirigente do PORT – Partido Operário Revolucionário (Trotskista). Neto de
imigrantes franceses e alemães, foi estudante de geologia (USP), bolsista na Petrobrás e
nos anos 60 dedicou-se integralmente à militância política almejando justiça social num
país mortificado por desigualdades sociais abismais com limitados direitos
democráticos sobretudo a partir de 1964.
Transcrevemos aqui parte da sua história retratada nos arquivos da Comissão da
Verdade (SP).
“Em 21 de abril de 1961, foi detido com Virgínia Maestri pelo DOPS/SP
(Departamento de Ordem Política e Social), “pichando vias públicas no centro da
cidade”. No mesmo ano, foi preso novamente pelo DOPS, por sua participação na
organização da greve geral de 13 de dezembro, deflagrada em prol da transformação
do “abono de Natal” em lei, ou seja, pelo 13° salário. Foi indiciado como um dos
“mentores da greve” em inquérito policial de abril de 1962.
Entre meados de 1961 e 1962, Sidney foi o responsável pela organização do partido
no Rio de Janeiro, onde passou a residir. Chegou a trabalhar nos estaleiros da
Ishikawagima, mas por poucos meses, sendo logo demitido por sua atividade política

e sindical. Tornou-se um “militante profissional” e o principal dirigente do partido
no Rio de Janeiro.
Atuou em várias frentes. Participou da organização do Comitê de Defesa da
Revolução Cubana, entidade responsável por manifestações de rua, pichações, atos
comemorativos e campanhas de solidariedade a Cuba. Durante a “crise dos mísseis”,
em novembro de 1962, os trotskistas do PORT defenderam a manutenção dos mísseis
soviéticos em Cuba, como também a defesa do “Estado operário cubano”. Sidney
tomou parte dos congressos estadual e nacional de solidariedade a Cuba, este último
realizado em Niterói (RJ), quando apresentou uma tese.
Manteve ligações com os movimentos de trabalhadores rurais e camponeses em
regiões como Cachoeirinha Pequena, Magé, Tarietá e Angra dos Reis, no Rio de
Janeiro, onde houve numerosos levantes de posseiros e confrontos com proprietários
de terras.
Também publicou artigos no jornal do PORT- Posadista, o “Frente Operária”,
assinando “S. Marques” (Sidney Marques) e dando cobertura a temas relacionados a
esses movimentos.
Era o responsável pelos contatos com os representantes do movimento dos sargentos,
estabelecendo articulações no eixo Rio–São Paulo–Brasília.
Outro meio de trabalho importante foi a Frente de Mobilização Popular (FMP),
entidade criada em 1962 e integrada por representantes de diversas organizações
políticas, estudantis, sindicais, femininas e camponesas, que exigia reformas de base
e mudanças na política econômica. Convencidos de que o processo da revolução
brasileira teria um desenvolvimento semelhante ao das revoluções cubana e argelina,
das “revoluções coloniais”, com uma passagem de posições e medidas inicialmente
nacionalistas a definições socialistas em seu percurso, os trotskistas davam especial
atenção a Brizola (principal dirigente da FMP) e aos integrantes da corrente política
que ele representava.
A partir de junho de 1963, Sidney consta como diretor-responsável do “Frente
Operária”, quando o jornal se tornou mais abertamente “posadista” (seguidores do
argentino J. Posadas), influenciado pelo grupo que liderara uma ruptura com a IV
Internacional em 1962, com a qual se alinhou o PORT brasileiro.
Após o golpe de 1964, Sidney passou à clandestinidade. …….”
Sidney foi preso em Buenos Aires na rua Canning, em 15 de fevereiro de 1976, cerca de
um mês antes do golpe militar – que ocorreria em 24 de março –, pela Triple A (Aliança
Anticomunista Argentina). … Nunca mais foi visto. Até hoje a Comissão de Memória,
Verdade e Justiça na Argentina busca desvendar onde se encontra o corpo do
companheiro Sidney Fix Marques dos Santos desaparecido pela ditadura cívico-militar
argentina (com a coo-participação dos serviços repressivos do Brasil) entre os mais de
30 mil lutadores que deram a vida por um mundo melhor, justo, igualitário, socialista e
livre de todas as opressões do capitalismo.

Leia mais: http://comissaodaverdade.al.sp.gov.br/mortos-desaparecidos/sidney-fix-
marques-dos-santos

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